26 de julho de 2021

SÉRIE: Vampire Knight (Matsuri Hino)

Esse ano decidi que queria ler e conhecer mais histórias em formato de quadrinhos, já que três das minhas leituras favoritas em 2020 foram nesse estilo: Locke & Key, de Joe Hill e Gabriel Rodriguez, Tom Sawyer, de Shin Takahishi, e Vincent, de Barbara Stock. Ainda pretendo falar sobre essas experiências por aqui, mas achei que seria justo falar primeiro sobre Vampire Knight, de Matsuri Hino. Faço essa escolha não só porque finalmente concluí a leitura da série, depois de uma década, mas também porque este foi o primeiro mangá que li na minha vida e, justamente por isso, tenho bastante carinho por essa história.


Como conheci?
Foi lá pelos idos de 2007 ou 2008. Se não me engano a série já vinha sendo publicada aqui no Brasil há um tempo pela Panini e a minha irmã estava lendo. Era o auge do emo e da vampiromania resultante de Crepúsculo e, por essa razão, a série de Matsuri Hino também era um grande sucesso. Na época, eu não era muito interessada em mangás, ou quadrinhos de forma geral, e meu conhecimento de cultura pop do Japão se resumia a alguns animes que eu assisti na infância. O que me chamou atenção em Vampire Knight foi a arte, que achei realmente linda e cheia de detalhes. Assim, peguei emprestado da minha irmã e li todos os volumes que foram lançados até 2010, quando a autora precisou fazer uma pausa por questões de saúde e acabou demorando uns anos até retomar a série. Nesse período, eu entrei na faculdade e virei o tipo de pessoa sem tempo até para respirar e acabei deixando o mangá de lado. Até tentei retomar a série nos anos que se seguiram, mas só consegui fazer isso de verdade em 2020.

Sobre o que é?
Em linhas gerais, é sobre a tentativa de humanos e vampiros existirem de forma pacífica. Na história, vampiros existem há muitos anos e têm meio que uma hierarquia em sua sociedade, que também é cheia de regras que possibilitam o convívio entre si e com os seres humanos. Conhecemos os sangues-puros, que são os mais raros e meio que a realeza; tem também os nobres e os vampiros comuns. Além desses três tipos, conhecemos os ex-humanos e os Classe E - este último tipo sendo os mais perigosos, já que são completamente movidos pela sede e atacam humanos. Para evitar que esse tipo de coisa aconteça, há uma associação de caçadores de vampiros que atuam de forma meio que aliada com os vampiros para proteger os humanos, porém todo mundo se odeia. Em todo caso, vampiros e caçadores agem em comum acordo de não deixar que os humanos saibam da existência de vampiros e possam seguir suas vidas de forma normal.

Boa parte da história em Vampire Knight ocorre no colégio interno Cross, quem traz como diretor um sujeito chamado Kaien Kurosu, que tem como objetivo possibilitar um ambiente no qual jovens humanos e vampiros possam estudar e conviver em harmonia. Para isso, algumas regras precisam ser criadas e seguidas e a principal delas é que os alunos do turno noturno - todos vampiros de famílias muito ricas e importantes - estão proibidos de beber sangue humano dentro do colégio e, caso sintam fome, tomem umas pastilhas que foram desenvolvidas para isso. Com o intuito de impedir que alguma tragédia ocorra, as turmas diurna e noturna devem ter apenas breves interações durante a troca de turno e em eventuais celebrações do colégio. E para ter certeza de que tudo vai funcionar direito, dois alunos desempenham a função de monitores e precisam meio que patrulhar a escola em momentos específicos do dia e da noite.

Aos poucos a história e seu universo se expandem e o colégio deixa de ser um cenário principal, mas a base de tudo é apresentada nessa "primeira fase". Conforme avançamos, Vampire Knight se torna também o tipo de história com intrigas políticas, tentativas de golpe, muita violência, segredos que vêm à tona, reviravoltas e personagens nebulosos nos quais não podemos confiar. Tem também uma dose considerável de romance, casais pelos quais torcemos, outros que simplesmente detestamos e o inevitável clichê do ~triângulo amoroso.

Quem são os personagens principais?
Yuuki Cross - sem memórias de sua vida até os seis anos, quando foi salva de um ataque de vampiro por Kaname Kuran, ela é a filha adotiva do diretor Kaien Kurosu. Ela é também monitora do colégio e, apesar de ser da turma diurna, ela mantém uma boa relação com a turma noturna por sua proximidade com Kaname, que sempre se manteve presente em sua vida desde que ela era pequena. Yuuki é uma protagonista divertida, meio atrapalhada em alguns momentos, meio cabeça dura em outros, mas na maior parte do tempo tentando fazer a coisa certa.

Zero Kiryu - também foi adotado pelo diretor Kurosu, mas ao contrário de Yuuki, ele lembra de sua família e da tragédia que acabou por destruí-la. Ele está sempre de mau-humor, não faz questão de ser sociável e praticamente todos os outros alunos da turma diurna têm medo dele. Acho que dá para dizer que no início, Zero desempenha o papel de bad boy incompreendido. Mas uma vez que começamos a entender o seu passado, os seus segredos e as suas dificuldades, fica difícil de não simpatizar com ele. Junto com Yuuki, ele também é responsável por monitorar a troca de turno o colégio.

Kaname Kuran - é o líder do dormitório da turma noturna e por ser um vampiro sangue-puro, é bastante respeitado pelos demais, que o enxergam como um príncipe. Kaname, assim como o diretor Kurosu, busca a convivência harmônica entre humanos e vampiros. Ele é bastante apegado à Yuuki e está sempre a protegendo ou a tirando de situações perigosas nas quais ela acaba se colocando. É bem misterioso, bem poderoso, bem influente, tem bastante inimigos e esconde segredos. Kaname é definitivamente um personagem intrigante, daqueles que a gente quer desvendar e entender melhor.

O que mais gostei?
Gosto de como a série começa de uma forma bem despretensiosa e, aos poucos, vai se tornando algo maior. Acompanhamos tudo pela perspectiva da Yuuki e, junto com ela, vamos descobrindo o que está acontecendo. Então, no começo, parece apenas uma história mais leve e adolescente de colégio com uns vampiros, mas depois vira algo mais complexo. É bem envolvente também, lembro de devorar rapidamente um volume e já começar o próximo porque precisava saber o que iria acontecer. Os personagens também são um ponto forte, pois não são apenas os protagonistas que são interessantes e trazem camadas, mas alguns dos secundários também. Aidou, por exemplo, poderia facilmente ser um protagonista de suas próprias aventuras e eu adoraria acompanhar. O diretor Kurosu é daqueles que surpreendem conforme a história avança. Zero Kiryu é o meu preferido, é cheio de profundidade e eu só queria que Matsuri Hino tivesse escrito uma série só dele. A própria Yuuki passa por uma evolução bastante perceptível também, de jovem ingênua e que está sempre em perigo para uma moça segura e que sabe o que está fazendo e não tem medo de quem vai machucar no processo ou dos inimigos que irá fazer. Kaname é daqueles que fazem a gente sentir amor e ódio ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. Por fim, acho que o que eu mais gostei em Vampire Knight é o tanto que a série me fez sentir.

O que pode ser motivo para não gostar?
Tem algumas coisas, então vamos por partes. Primeiro, tem o fato de que estamos falando de uma história da primeira metade dos anos 2000, então é de se esperar que alguns aspectos não tenham envelhecido muito bem. Particularmente, revirei demais meus olhos para a possessividade de Kaname Cullen Kuran em diversos momentos. Há também uma certa revelação polêmica que a autora faz lá pela metade da série e que, talvez por algum tipo de pressão, acabou voltando atrás e inventou umas coisas para justificar a decisão e...olha, era melhor ter deixado como estava. Eu realmente acho que nesse caso o fan service atrapalhou a história. Segundo, tem o fato que Matsuri Hino precisou pausar a série por uns anos para cuidar de sua saúde e acho que isso pode ter prejudicado o ritmo da história, que ficou bastante inconstante depois da metade. Há volumes em que nada acontece e outros em que tudo acontece de uma vez. Terceiro, o final de alguns personagens é simplesmente decepcionante. Não acho que seja o caso de arruinar a experiência toda, mas é o suficiente para chatear.

Recomendo para quem?
Para quem gosta de histórias de fantasia YA e/ou história com vampiros, romance e mistérios. Para quem gosta de mangá shoujo de forma geral. Apesar de nunca ter lido o mangá de Sakura Card Captors, acho que gosta da história pode acabar gostando de Vampire Knight também. Se você gosta de Crepúsculo e/ou dos seriado Vampire Diaries The Originals, acho que vale a pena conhecer.

Considerações finais
Em 2008, a série ganhou adaptação em anime (Vampire Knight e Vampire Knight Guilty), mas até onde me lembro não é 100% fiel, já que o mangá não havia sido concluído; creio que o final seja completamente diferente e, sinceramente, acho que não recomendo. Em 2016 o mangá ganhou um spin off chamado Vampire Knight Memories, que está sendo publicado pela Panini.

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