17 de maio de 2014

A culpa é das estrelas (John Green)

Quando tinha 13 anos, Hazel Grace foi diagnosticada com um câncer terminal na tireoide que evoluiu para uma metástase pulmonar; após três anos em tratamento com uma droga revolucionária, o estágio da doença estagnou e Hazel, prestes a completar 16 anos, tendo que andar com um cilindro de oxigênio e uma cânula no nariz, está conformada com a sua situação. Sua mãe, a Sra. Lancaster, por sua vez, não aceita que a filha passe os dias trancada em casa, apenas lendo e assistindo America's Next Top Model, ao invés de socializar com outras pessoas e, de certa forma, aproveitar os dias que tem.

Dessa forma, por insistência de sua mãe, Hazel começa a frequentar um grupo de apoio à crianças com câncer. Em um dos encontros semanais, ela conhece Augustus Waters, ou Gus, um rapaz de 17 anos que, após perder uma perna para o osteosarcoma (câncer nos ossos), se considera um sobrevivente. Hazel e Gus, que logo se tornam próximos, são muito parecidos; ambos tem muito senso de humor e preferem fazer piadas a respeito do câncer a se renderem à doença. 

Apesar da situação que vivem, os dois tentam viver a vida como qualquer adolescente: assistem a filmes, passam horas ao telefone, jogam video game e gostam bastante de ler. Hazel é completamente obcecada por Uma aflição imperial, de Peter Van Houten, um escritor americano de origem holandesa que, depois da publicação de seu romance, se tornou um homem muito recluso e se mudou para a Holanda. O livro termina de forma abrupta, o que deixa Hazel inconformada, criando inúmeras possibilidades para o desfecho da história. Após apresentar a obra a Augustus, os dois passam a se corresponder com o autor com a esperança de descobrir o destino dos personagens.

***

Todo mundo já conhece, já leu ou já falou sobre A culpa é das estrelas, de John Green, inclusive eu, lá em meados de 2012, quando realizei a leitura do mesmo. O livro foi um sucesso de vendas e, devido à sua popularidade, ganhou até um filme que chega por aqui no dia 5 de junho. Como na época em que o livro foi lançado não consegui compreender tanto amor pela obra, resolvi que, antes de ir conferir o filme, iria reencontrar Hazel e Gus para ver se a minha opinião mudaria. E mudou.

A verdade é que, naquela época, não estava familiarizada com o estilo de John Green, criei enormes e absurdas expectativas sobre o livro e encarava o monstro do TCC, o que me impossibilitou de ler qualquer coisa que estivesse nas entrelinhas de A culpa das estrelas, qualquer coisa que fosse além da história de amor entre dois adolescentes com câncer. Durante a minha releitura, percebi que me lembrava de vários dos fatos da história mas quase não recordava nenhuma das reflexões dos personagens, o que só prova o que sempre digo a respeito de existir um momento certo para determinadas leituras. O final de 2012 certamente não era a hora adequada para A culpa é das estrelas.

Apesar de continuar achando difícil me relacionar com a história - afinal, não conheço ninguém que tenha câncer ou que tenha lutado contra a doença -, a releitura me permitiu compreender porque tanta gente gosta do livro. Ao contrário do que normalmente imaginamos encontrar em uma história sobre adolescentes com câncer, John Green, de forma alguma, entrega ao leitor uma história carregada de choro e drama. Claro que há sim elementos dramáticos, mas estes são realistas. Em nenhum momento tive a sensação de que o autor colocou algo na história para fazer o leitor chorar ou sofrer. Ao contrário de Quem é você, Alasca? Cidades de papel, que falam sobre morte, A culpa é das estrelas fala sobre vida e o que senti o tempo todo durante a leitura foi um tom otimista.

Mesmo com as adversidades de suas vidas, Hazel e Gus são adolescentes comuns, cheios de conflitos e questionamentos típicos dessa fase da vida. Os dois anseiam por um futuro, por uma vida cheia de realizações e saber que provavelmente nunca chegarão a atingir tais objetivos não os impede de tentar viver a vida da melhor forma possível enquanto podem. A culpa é das estrelas não é um livro sobre adolescentes com câncer, mas sobre adolescentes que convivem com o câncer. A cada página o leitor acompanha suas descobertas e reflexões e compreende a maneira deles de enxergar o mundo e a vida.

A narrativa em primeira pessoa realizada por Hazel é muito envolvente, apresentando uma garota de personalidade muito forte e bastante realista, capaz de se comportar como qualquer pessoa de sua idade e que, às vezes, mostra uma maturidade nada comum, mas que deve surgir quando se tem conhecimento de que a morte pode chegar a qualquer momento. Augustus, por sua vez, é bastante carismático e cheio de defeitos - é bastante convencido e prepotente -, o que só o torna ainda mais humano e, por sua vez, adorável. É bastante interessante observar o seu otimismo indo ao encontro da visão realista e conformada de Hazel. No que diz respeito à narrativa, é possível também observar um amadurecimento de John Green como escritor, o que eu acho bastante positivo. Nunca o considerei um escritor ruim ou mediano, mas fico feliz de poder observar esse crescimento, afinal de contas, evoluir é sempre bom.

E para concluir, fico feliz que tenha realizado essa releitura e recomendo a experiência à todos os que tiveram uma primeira impressão do livro parecida com a minha. 

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