10 de março de 2014

Cidades de Papel (John Green)

Cidades de Papel, terceiro livro de John Green, traz a história de Quentin Jacobsen, um adolescente que está prestes a concluir o último ano do high school e já tem todo o seu futuro planejado: faculdade, um bom emprego e sucesso. Quentin nutre uma discreta (?) paixão por Margo Roth Spiegelman, sua antiga amiga de infância que, com o tempo, se afastou e se transformou na garota mais ~problemática~ e popular da escola. Quando crianças, os dois presenciaram uma situação traumática e, enquanto Quentin superou tudo relativamente bem - já que seus pais são psicólogos -, Margo não teve a mesma sorte.

Após anos sem manterem contato, além de cumprimentos cordiais nos corredores da escola, Margo aparece na janela do quarto de Quentin no meio da noite e lhe pede para ajudá-la em um plano. Juntos, os dois vão viver muitas aventuras durante a madrugada e Quentin passa a acreditar que a antiga amizade será retomada e um possível romance terá início. Porém, no dia seguinte, as coisas são completamente diferentes do esperado: Margo Roth Spiegelman simplesmente desaparece. Como não é a primeira vez que algo do tipo acontece, os amigos mais próximos, os pais da garota e a polícia não prestam muita atenção ao ocorrido e simplesmente ignoram.

O único que parece genuinamente preocupado com o paradeiro da garota é Quentin que, aos poucos, percebe que ela lhe deixou pistas para encontrá-la. Decidido a descobrir o que há de errado com Margo e contando com a ajuda de Radar (o amigo nerd e dono de um site tipo a Wikipédia), Ben (o amigo tosco tipo o Howard, de The Big Bang Theory) e Lacey (a suposta melhor amiga de Margo), Quentin começa a juntar as peças do quebra-cabeça que é Margo e que podem levá-lo até ela.

***

Vou ser sincera: até algumas semanas atrás não sabia muito bem o que pensar sobre John Green. Ao contrário de metade do mundo, não morri de amores por A Culpa é das Estrelas (até hoje não sei o que achei deste livro, gente) e, apesar de ter gostado de Quem é você, Alasca?, nada do autor havia falado diretamente comigo. Já estava considerando a possibilidade de John Green ser apenas um cara legal que escrevia livros legais e que o problema estava comigo que já não tinha idade para me identificar com seus personagens. Ainda bem que me enganei.

Tudo começou com este vídeo da Stela e aí, a leitura de Cidades de Papel se tornou algo inevitável. Com uma temática um pouco mais palpável, o livro difere bastante da história de Hazel e Gus e se aproxima de Quem é você, Alasca?, tratando de temas como a morte e o nosso propósito no mundo. Gostei muito do significado das chamadas cidades de papel e a relação que John Green estabeleceu entre elas e os seres humanos.

Outro fator que achei interessante durante a leitura é a forma como o ato de criar expectativas em relação a algo ou alguém é desenvolvida. Durante toda a história, Quentin imagina inúmeras versões de Margo, a maioria delas baseadas apenas em suas expectativas ou na ideia superficial que tinha dela. Demora bastante até ele começar a enxergá-la como uma garota normal, humana como todas as outras.

Ao contrário do que senti ao ler os outros livros citados do autor, fiquei com a sensação de que Cidades de papel não foi um livro escrito para um público jovem adulto. Longe de mim vir aqui dizer que uma pessoa precisa ter determinada idade para ler um livro, mas acredito que este livro exige que o leitor tenha passado por algumas experiências para que possa ter uma compreensão maior da obra. Experiências pelas quais uma pessoa com seus 14 ou 15 anos muitas vezes ainda não passou (há exceções, claro). Falando como uma pessoa que acaba de chegar aos 24, Cidades de papel fez muito mais sentido para mim agora do que poderia ter feito há dez anos.

E para concluir o texto, preciso dizer que um dos grandes atrativos no livro é composto pelas referências ao poema Folhas de relva, de Walt Whitman, e ao livro A redoma de vidro, de Sylvia Plath (que já entrou para a minha TBR). Agora posso dizer com convicção que gosto de verdade de um livro do John Green; livro que entrou para os meus preferidos do ano (até o momento) e que eu recomento para aqueles que gostaram de Quem é você, Alasca? e/ou se perguntam constantemente o que querem para as suas vidas. Lembrando que é sempre válido encarar tudo despretensiosamente e sem criar altas expectativas. Estou falando de um livro sobre entrelinhas, ok? ✦

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