Quando li A Noiva Fantasma pela primeira vez, em 2015, lembro de não ter gostado e de ter me sentido enganada de alguma forma. Depois de um tempo, percebi que isso tinha acontecido porque criei expectativas - coisa que tento não fazer, mas que nem sempre consigo evitar. Tudo me levou a crer que encontraria um livro mais sombrio, algo bem distante da fantasia YA que o livro realmente é.
Uma vez que superei a experiência frustrante, comecei a sentir vontade de reler, pois algo me dizia que poderia aproveitar melhor já sabendo como seria a história. Agora que realizei a releitura, digo que estava certa na suposição, pois a segunda experiência com o livro foi completamente diferente, principalmente da metade para a frente, já que não lembrava de nada além do final.
Sobre a narrativa, dá para dizer que a autora fez um bom trabalho ao envolver o leitor na atmosfera da história. Tudo é muito fluído, com um ritmo que mantém o leitor envolvido do início ao fim e torna a leitura bastante imersiva. Dessa vez, em nenhum momento senti que a leitura estava se arrastando.
A protagonista, Li Lan, é um pouco ingênua e me lembro de este aspecto ter me incomodado; contudo, ao revisitar a história, compreendi que esse comportamento faz sentido se considerarmos o contexto em que ela está inserida. Uma jovem super protegida do século XIX se comportaria daquela forma e em alguns momentos, é possível perceber que ela tenta, à sua maneira, lutar contra as convenções sociais da época. Se antes havia considerado o final absurdo, agora encaro a escolha de Li Lan como algo bastante subversivo e coerente para alguém em sua posição. Ao acompanharmos sua jornada, percebemos que a personagem evolui e não só descobre quem é, mas também começa a questionar a vida que viveu até então. O romance também havia sido um problema durante a primeira leitura, porém um olhar mais atento e sem expectativas me fez enxergar sentido nele. Agora, gosto do casal e adorei a evolução do relacionamento.
Nas duas experiências, o personagem mais interessante para mim foi o Er Lang. No Goodreads, a autora comentou que adoraria escrever um livro sobre ele, mas que não era o seu foco no momento. Espero que ela mude isso algum dia, pois quero muito saber mais sobre o personagem.
Por fim, gostei de conhecer um pouco sobre uma cultura diferente. A tradição da noiva fantasma era algo de que nunca tinha ouvido falar e achei bastante curiosa. Foi interessante ler uma história ambientada na Malásia colonial, um contexto que mistura as diferentes culturas locais com a cultura inglesa. Percebi que não conheço muitas histórias ambientadas durante esse período e fiquei intrigada o suficiente para pesquisar mais sobre o assunto. Leitura recomendada!