21 de abril de 2014

Lolita (Vladmir Nabokov)

Considerado uma obra-prima do século XX, Lolita, de Vladmir Nabokov, é, sem sombra de dúvidas, um dos livros mais polêmicos da literatura contemporânea universal. Narrado em primeira pessoa e de forma não muito confiável, o livro traz a história de Humbert Humbert, um professor francês que se muda para os Estados Unidos e se apaixona por Dolores Haze - a Lolita -, a filha de 12 anos de sua senhoria.

Logo no início o leitor tem conhecimento de que Humbert está prestes a enfrentar um julgamento, mas não fica claro, a princípio, qual seria o crime que ele teria cometido. Humbert decide então fazer a sua defesa para o juri e é neste ponto que a história começa. Por meio de seus depoimentos, o protagonista/narrador explica como e quando teria surgido a sua atração por meninas com idades entre 11 e 16 anos, mais ou menos, e que ele denomina como ninfetas. Em Paris, quando enfrentava o início da puberdade, Humbert se apaixonou por Annabel, jovem de mesma idade e que retribuiu o seu sentimento, com quem viveu as suas primeiras experiências de natureza sexual. Após a morte da jovem, Humbert, sem jamais superar a sua perda, começa a procurar por Annabel em todas as meninas ninfetas que conhece.

Já adulto, com cerca de 40 e poucos anos, Humbert se muda para os Estados Unidos, onde pretende trabalhar como professor, e passa a alugar um quarto na casa da Sra. Haze, uma viúva. Lá ele conhece e se apaixona instantaneamente por Dolores, a filha de sua senhoria, uma garota de 12 anos; e após meses de convivência com mãe e filha, casa-se com a Sra. Haze. A partir deste ponto, a história começa a tomar um rumo bastante intenso, marcado por reviravoltas, abusos (psicológicos e sexuais) e chantagens.

***

Mesmo agora, semanas depois de finalmente concluir a leitura, ainda não consigo colocar em palavras o que achei de Lolita, que de tão bem escrito, chega a ser enfadonho em boa parte de suas páginas. Sim, Nabokov escreveu uma obra polêmica, mas o fez de forma maestral e ninguém pode lhe tirar este mérito. Porém, no que diz respeito à minha experiência como leitora, direi apenas que a sua narrativa - ou melhor, a de Humbert Humbert - parecia me matar de tédio aos pouquinhos, com seus devaneios e metáforas. Tudo bem que estamos lidando com um protagonista que, claramente, sofre de algum distúrbio de ordem psicológica e talvez por essa razão, sua narrativa seja tão prolixa e dispersa. Mas ainda assim, não vou mentir: não gostei da narrativa.

E aí, temos a temática. Pedofilia. Mais um tema difícil de abordar, difícil de discutir e fácil de repudiar. Por meio das descrições de Humbert, Nabokov conseguiu me provocar inúmeras sensações de nojo, todas envolvendo náuseas. O que pensar de uma história que envolve um homem adulto que se apaixona e abusa sexualmente de uma menina de 12 anos que poderia ser sua filha? Não há o que falar. Ao contrário de algumas opiniões que li/vi na internet, não enxergo Lolita como uma história de amor. Digo isso porque, para mim, amor deve ser algo recíproco entre duas pessoas. E, a meu ver, não foi o que aconteceu nesta história.

Há quem argumente que Lolita/Dolores provocou Humbert, que apenas retribuiu as provocações. Mas, ainda assim, por mais "provocativa" que Dolores pudesse ter sido, acredito que tudo era de uma forma mais juvenil, do tipo de garota que coloca o poster do astro de cinema mais famoso na parede do quarto e diz que vai se casar com ele. E nada disso muda o fato de que Humbert era o adulto na situação e que, por essa razão, esperava-se que agisse de forma correta. Sem tirar o fato de que o leitor tem conhecimento da história pelo ponto de vista de Humbert, o que torna tudo menos confiável, porque nunca é possível saber até que ponto as coisas que ele conta são verdadeiras ou algo que ele queria ver. No fim, fica meio a critério do leitor acreditar ou não no narrador.

No que diz respeito à minha experiência como leitora, novamente as palavras me fogem. Como disse, a narrativa me incomodou e, junto com uma temática pesada, me fez arrastar essa leitura por meses (!). A história, por mais bem escrita que tenha sido, não deixou de ser detestável e bastante revoltante. De forma geral, não gostei do livro e nem da experiência de leitura. Já mencionei em algum post/vídeo que evito ler qualquer coisa buscando o objetivo do autor, porque isso pode ser frustrante. Gosto de ler e encontrar um sentido no livro que faça sentido para mim e isso, infelizmente, não aconteceu com Lolita. Terminei o livro com a sensação de que nada me foi acrescentado; de que nenhuma questão nova me tenha sido levantada. Ainda assim, foi uma leitura válida, por se tratar de um clássico contemporâneo. E só.

Sinto muito por não ter amado este livro. E não, eu não recomendo a leitura à todos. Sugestão: pesquise sobre o livro na internet, busque por opiniões diferentes. Aí, se sentir que dá para encarar esta história, se joga! Depois me conte o que achou. ✦

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