9 de abril de 2014

A Abadia de Northanger (Jane Austen)

Concluído originalmente em 1803, A Abadia de Northanger está entre os primeiros escritos de Jane Austen, porém só foi publicado postumamente em 1818. O romance traz a história de Catherine Morland, uma jovem de 17 anos que deixa o pacato vilarejo onde vive para passar uma temporada na badalada cidade de Bath.

Catherine, longe de ser considerada a heroína ideal, é uma moça atrapalhada, desatenta e com bastante dificuldade na hora de julgar o caráter das pessoas que dela se aproximam. Logo nos primeiros dias em Bath, ela irá, pela primeira vez, fazer novos amigos, com os quais viverá muitas experiências agradáveis...ou não. Isabella Thorpe é a sua melhor amiga e lhe mantém sempre atualizada sobre a última moda e sobre o que é considerado legal; John Thorpe é o irmão de Isabella e, aparentemente, só sabe falar sobre cavalos e carruagens; James Morland é seu irmão e está muito feliz que ela esteja se dando tão bem com Isabella, já que ele está perdidamente apaixonado por ela.

Há também o Capitão Tilney, que acaba de chegar a Bath acompanhado de seus filhos Eleanor e Henry, um cavalheiro que logo chama a atenção de Catherine. Em meio a festas, passeios no campo e uma visita à famosa abadia de Northanger, o leitor acompanha o amadurecimento de Catherine, uma ingênua leitora de romances góticos com uma imaginação bastante fértil que vai, aos poucos, se transformando em uma moça respeitável.

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Este é um livro diferente de Jane Austen; pelo menos foi essa a sensação que ficou enquanto o lia e depois que a leitura foi concluída. Catherine, muito diferente das demais heroínas da autora, chega a ser bem bobinha em determinados momentos. Tá certo que ela é mais jovem, mas, ainda assim, não pude evitar um sentimento de vergonha alheia em relação às teorias da mocinha.

No que diz respeito aos personagens, simplesmente adorei Eleanor Tilney, sempre muito simpática e sensata, é o tipo de pessoa que eu teria como amiga; me apaixonei pelo Sr. Henry Tilney, que é uma fofura e só perde para o Mr. Darcy, óbvio. Em relação aos demais amigos de Catherine, detestei todos, inclusive seu irmão. Todos muito vazios e chatinhos. Outros personagens mais ~secundários~ também tem seus momentos de brilho, e gostaria de destacar a Sra. Allen que me rendeu bons momentos de risada com a sua obsessão por tecidos e vestidos.

Além de contar as experiências vividas por Catherine em Bath e, posteriormente, na abadia de Northanger, o livro é uma história de amor e, neste aspecto, sinto que faltou um pouco mais de profundidade. Em alguns momentos, a existência do romance simplesmente desaparecia e fiquei me perguntando se realmente existia ou se era coisa da cabeça da protagonista. O final, mesmo previsível - como todos os finais de Jane Austen que eu já li -, foi bastante corrido; todos os obstáculos desapareceram como num passe mágica e a protagonista pode viver o seu felizes para sempre, que nem no final das telenovelas.

Mesmo com as previsibilidades do enredo, a experiência de leitura de A Abadia de Northanger não deixa de ser bastante agradável. A narrativa é bastante fluida e cheia de personalidade, marcada por comentários irônicos a respeito da mocinha da história e de todos os que a rodeiam. Em um de seus primeiros trabalhos Jane Austen já mostrava que gostava de fazer críticas, ainda que sutis, à sociedade. É bem forte também a influência do romance gótico, que aparece na forma de sátira aos livros de Ann Radcliffe, a autora preferida de Catherine.

De uma forma geral, gostei de A Abadia de Northanger, mas sei que esta não será a minha obra favorita da autora. É um livro divertido e envolvente, mas para mim não foi nada memorável. Recomendo a leitura àqueles que gostam da autora, ou que queiram ler suas obras cronologicamente. Se você quer conhecer Jane Austen, não recomendaria este livro como uma porta de entrada e, talvez, fosse melhor começar com Orgulho e Preconceito ou Persuasão. ✦

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