12 de fevereiro de 2014

Alice, de Lewis Carroll

Originada em 1862 - mas publicada apenas em 1865 - a história de As aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, nos apresenta a garotinha Alice que, entediada pelos estudos, acaba adormecendo. Em seu sonho, ela enxerga um coelho branco - vestido de forma elegante e carregando um relógio de bolso - que grita, desesperado, que está atrasado para um compromisso. Decidida a saber o que está acontecendo, Alice resolve seguir o coelho e cai em sua toca, que é, na verdade, a entrada para o País das Maravilhas.

Lá ela conhece uma série de personagens inusitados e vive diversas situações inexplicáveis, como encontrar animais falantes, um bebê que vira porco e um gato que sorri. Além, de tentar decifrar o enigma da diferença entre um corvo e uma escrivaninha e fugir da Rainha de Copas, que nutre uma estranha obsessão por mandar cortar as cabeças de seus súditos.

Já em Alice Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, publicado em 1871, Lewis Carroll nos apresenta ao mundo dentro do espelho. Mais uma vez adormecida, Alice atravessa o espelho da sala de sua casa e vai parar em um mundo completamente absurdo e estruturado na forma de um tabuleiro de xadrez. Nesta história, a garota desempenha a função de peão e, como quer se tornar uma rainha, terá que atravessar todo o tabuleiro.

Durante a sua jornada pelas casas até chegar à casa da rainha, Alice encontra mais uma vez personagens bastante inusitados: Humpty Dumpty - com quem tem um diálogo sobre "desaniversários" -, os irmãos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum - que lhe recitam poesias - e a Rainha Vermelha, personagem bastante interessante e que diz coisas bem absurdas.

***


É engraçado observar como cada leitura pode ter o seu momento certo e se for realizada no momento errado pode passar uma impressão completamente diferente. Aqueles que me acompanham desde que comecei o blog/canal devem se lembrar de como sofri para tentar ler este livro no ano passado e de como detestei a narrativa de Lewis Carroll.

Mas dessa vez foi diferente. Adorei a leitura do começo ao fim e, juro, é impossível pensar em algo negativo para dizer. O aspecto nonsense da história - e objeto das críticas mais ferrenhas à obra de Lewis Carroll - foi justamente o que mais me agradou e me fez morrer de amores pelo livro. Acho que a graça em nas aventuras de Alice é justamente essa, o fato de que nada faz sentido e de que está tudo bem assim, afinal de contas, estamos falando de um sonho, certo? Uma vez que você abraça a causa do absurdo, tudo faz sentido e é só se jogar de cabeça na brincadeira.

Polêmicas sobre o autor à parte, gosto de pensar que Lewis Carroll criou personagens interessantíssimos que, ao mesmo tempo são capazes de divertir e incomodar com suas personalidades marcantes, cômicas e absurdas. Gostaria de destacar o Gato de Cheshire que até agora não sei se me agradou ou me incomodou; o mesmo vale para a Lagarta Azul. Outro aspecto na narrativa que me chamou a atenção é o quanto é complicado se lembrar em detalhes de alguns trechos do livro. É realmente como acontece quando sonhamos. Agora, enquanto escrevo este texto, estou confusa em relação à várias partes, principalmente as de Através do Espelho.

Sobre a segunda história, direi que a achei muito mais absurda do que Alice no País das Maravilhas, se é que isso faz algum sentido. É como se no primeiro livro pudéssemos encontrar uma certa linearidade nos acontecimentos, já em Através do Espelho, as mudanças de cenário e personagens são muito mais abruptas. É tudo muito mais bizarro e mais próximo de um sonho mesmo.

O único "problema" que encontrei foi o fato de que o livro faz muitas referências ao contexto histórico vivido pela Inglaterra na época em que Carroll escreveu a obra, o século XIX. Tais referências aparecem na forma de trocadilhos - mais fáceis de compreender na língua original - nas poesias e cantigas e também em alguns diálogos entre os personagens. Esse "problema" nem é algo que atrapalhe muito a leitura, apenas impede que tenhamos uma compreensão maior (ou não) da obra. Acredito que mesmo realizando a leitura em inglês, poderia encontrar dificuldades para compreender as referências, tendo em vista que estão relacionadas à história de outro país e de outra cultura

De uma forma geral, recomendo a leitura de Alice à todos, adultos e crianças. O segredo é se deixar levar pelo nonsense e não tentar procurar explicações lógicas e plausíveis para tudo o que acontece na história. Feito isso, é só deixar a narrativa te levar. Boa leitura!✦

0 yorum:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.