6 de agosto de 2013

O oceano no fim do caminho (Neil Gaiman)

O oceano no fim do caminho nos traz a história de...um homem/menino. Sim, vou me referir ao protagonista dessa maneira porque ele não tem nome e se o tem, o mesmo não é mencionado no livro. Tudo começa quando o protagonista, já adulto, retorna à cidade em que viveu a sua infância por conta do velório de um parente. Ao chegar, talvez por angústia, talvez por não saber como reagir aos comentários dos convidados, ele resolve sair do local do velório, entrar no carro e dirigir até o fim da rua. A intenção inicial era poder rever a casa em que viveu tantos momentos marcantes de sua infância, mas, a casa foi demolida há anos. Dessa forma, o protagonista resolve continuar dirigindo até chegar à Fazenda Hempstock, onde vivia Lettie - uma amiga de infância -, na companhia da mãe e da avó.

Ele entra na casa e é recebido por uma senhora, que o reconhece. Ainda abalado por conta do velório, ele pede para entrar na casa e ver o lago que fica no quintal. Lago que, anos atrás, Lettie o havia convencido que era um oceano. Após sentar em um banco na beira do lago e começar a observar a água, o protagonista conduz o leitor durante a narrativa de suas memórias, apresentando fatos que marcaram parte de sua infância - fatos esquecidos, ou talvez recordados de forma diferente.

Só posso contar isso porque qualquer coisa a mais pode estragar a leitura. Parte da graça de O oceano no fim do caminho é ir descobrindo as coisas conforme elas vão sendo contadas. Mesmo que a história seja narrada por um homem adulto, acompanhamos as aventuras de uma criança de sete anos e observamos tudo a partir de seu ponto de vista inocente, que não entende muito bem porque a vida é do jeito que é.

É o tipo de leitura que cada um vai interpretar de uma maneira diferente. E isso se deve ao fato de Neil Gaiman remeter à infância. Fica difícil não se identificar com a inocência do protagonista, com os questionamentos que ele faz. Durante a leitura, muitas vezes, me peguei lembrando de quando eu tinha sete anos e da forma como eu costumava encarar o mundo. Quando terminei, não sabia explicar - e ainda não sei - o que sentia. Era um misto de nostalgia, angustia e melancolia. Mas sabe quando é possível enxergar beleza nesses estados? Então, foi justamente o que aconteceu! Neil Gaiman é famoso por inserir elementos fantásticos em suas histórias e com O oceano no fim do caminho não poderia ser diferente. Mas, ao contrário do que aconteceu em Lugar nenhum, a fantasia não é foco principal do livro novo. Pelo menos não a meu ver.

Em linhas gerais, querem saber se recomendo a leitura de O oceano no fim do caminho? Sim, mas talvez não seja a melhor opção para quem não conhece nada do autor. Não porque seja um livro ruim - longe disso! - mas porque estamos falando de um livro mais introspectivo, mais reflexivo, que mexe com o emocional. Tem aventura, fantasia e imaginação? Claro que tem, afinal de contas, a vida de uma criança de sete anos é cheia desses elementos, mas é como eu disse, eles não são o foco principal na narrativa.✦

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