21 de janeiro de 2014

O Príncipe da Névoa (Carlos Ruiz Zafón) | Trilogia da Névoa, livro #1

Já começo o texto afirmando que sou suspeita na hora de falar sobre qualquer coisa escrita por Carlos Ruiz Zafón. Com isso esclarecido, entendam que serei bastante parcial. O Príncipe da Névoa, apesar de ter sido lançado aqui no Brasil no ano passado, é, na verdade, o primeiro livro de Zafón, publicado em 1993. Diferente do que acontece com série do Cemitério dos Livros Esquecidos, aqui temos uma escrita menos trabalhada e rebuscada, mas não menos envolvente e gostosa de ser degustada. 

Escrito para um público juvenil, o livro é ambientado em 1943 e traz a história de Max Carver, um garoto de 13 anos que junto com a sua família - composta por pai, mãe, uma irmã de 15 anos (Alícia) e uma irmã de 8 anos (Irina) - se muda da Espanha para uma cidade litorânea inglesa; o motivo da mudança é a Segunda Guerra Mundial. Contrariado e infeliz, Max a princípio não gosta da ideia, mas aos poucos vai se apaixonando pela nova cidade. O verão, o sol e a vista para o mar acabam ajudando e logo nos primeiros dias, os três irmãos começam a fazer amizades. Max e Alícia conhecem Roland, um rapaz de 17 anos que vive com o seu avô na torre do farol da cidade; Irina conhece um gato na estação de trem e resolve adotá-lo.

Tudo parecia estar ocorrendo muito bem, até o momento em que Max resolveu explorar um bosque que ficava atrás de sua casa. Em meio a tanta vegetação, o garoto encontrou algo que parecia um cemitério, cheio de estátuas que se assemelhavam a figuras de um circo ambulante. Uma se destacava entre todas: um palhaço bastante macabro. Além dessa estranha descoberta, a nova residência dos Carver parece esconder um segredo, Alícia passa a ter sonhos muito estranhos e Irina escuta vozes. E tudo isso está relacionado ao mistério do Príncipe da Névoa...

Acho que já disse tudo que poderia ser dito sem estragar a leitura. Na parte de trás do livro, uma citação do Financial Times resume muito bem o que pode ser encontrado em O Príncipe da Névoa:
Zafón mistura generosamente amores adolescentes, pactos demoníacos, lobos do mar, palhaços assustadores e destroços mal-assombrados. 

É um livro que traz elementos de diferentes gêneros, o que o torna difícil de ser classificado (aliás, todos os livros do Zafón parecem ter essa característica), o que, de forma alguma, pode ser encarado como algo negativo. Essa mistura de romance, terror, aventura e mistério rende momentos de tensão, alegria e até de choro durante a leitura. Se eu pudesse descrever O Príncipe da Névoa de uma forma mais visual seria algo como um pôr-do-sol na praia após um dia quente de verão. Com algumas pitadas de macabro no meio.

Além da narrativa bastante envolvente e fluida de Zafón, o livro tem poucas páginas, podendo ser lido em apenas um dia. O que pode ser muito bom e muito ruim, já que os personagens são bastante cativantes e podem deixar o leitor com saudades após o término da leitura. O melhor conselho que posso dar é que o leitor deguste aos poucos desse livro que já entrou para os meus favoritos do ano que acabou de começar. Leitura recomendada para jovens e adultos que gostam de histórias de mistério e aventura, mas que também gostam de histórias sobre amizade e família e - por que não? - sobre crescer.✦

13 de janeiro de 2014

O Chamado do Cuco (Robert Galbraith) | Cormoran Strike, livro 1

Em O Chamado do Cuco acompanhamos o detetive particular Cormoran Strike, um homem que lutou na guerra, perdeu parte da perna, enfrenta o fim de um relacionamento conturbado e não tem dinheiro para pagar suas contas e, muito menos, uma secretária. O cara está no fundo do poço e não tem perspectiva de um futuro melhor, já que não tem nenhum cliente. Também conhecemos Robin, a eficiente secretária temporária de Strike, que acabou de ficar noiva de seu namorado de longa data.

As coisas começam a melhorar na vida de Strike, quando John Bristow - um influente sócio de uma agência de advogados - aparece em seu escritório e pede a Strike que investigue a morte de sua irmã, Lula Landry, uma modelo muito famosa que morreu após cair da sacada do prédio em que morava. Na época da morte de Lula, todas as pistas levaram a polícia a concluir que se tratava de um caso de suicídio, mas Bristow tem motivos para acreditar que sua irmã foi assassinada. Convencido de que a polícia realizou uma investigação completa, Strike não acredita que possa haver um assassino à solta, mas, como precisa do dinheiro, resolve aceitar. E é claro que, conforme as investigações vão avançando, ele também passa a acreditar que Lula Landry foi vítima de assassinato.

Todo o enredo do livro me atraiu e, mesmo com a narrativa lentíssima, não me deixei abalar. Porém, ao perceber o rumo que a história tomaria comecei a ficar desconfiada de que não iria gostar do desfecho. E, infelizmente estava certa. Sinceramente, não gostei da solução. Na metade do livro, já sabia quem era o culpado e, mesmo assim, quis acreditar que estava errada. Mesmo com uma trama bem construída, foi impossível não me chatear com o final bastante previsível.

De uma maneira bem geral, achei O Chamado do Cuco bastante mediano; não é o melhor livro policial que já li, mas não chega a ser o pior. Tem uma trama envolvente, personagens cativantes e bem construídos - que são o ponto alto do livro - e uma narrativa bem escrita e desenvolvida. Mas ainda assim, não gostei. Claro que o problema pode estar comigo, já que tanta gente amou. Recomendo que, antes de decidir se quer ou não ler o livro, procure outras resenhas. Indico a leitura para aqueles que, como eu, gostam da J.K. Rowling e de livros policiais.✦