Em O Planeta dos Macacos, Pierre Boulle nos apresenta a história de três astronautas que, em uma expedição espacial, encontram o planeta Soror, que é bastante semelhante ao nosso; com clima e condições favoráveis à vida humana. Contudo, nem tudo é o que parece. Os humanos que ali vivem são selvagens dominados por macacos.
Ulysse Mérou, um dos integrantes da expedição e o narrador da história, é capturado por um grupo de gorilas e levado para uma cidade desenvolvida, onde é aprisionado em um laboratório para ser estudado. O fato de se distinguir dos demais humanos por estar vestido e demonstrar um comportamento civilizado intriga os macacos, que o submetem à experimentos para testar sua inteligência.
Ao acompanharmos a narrativa de Ulysse, passamos a compreender como a sociedade símia é estruturada e, aos poucos, também passamos a enxergar semelhanças com a nossa, o que nos leva à uma série de reflexões acerca da humanidade. "O que nos torna humanos?", "somos tão diferentes dos animais?" e "quem são nossos reais inimigos?" são algumas das questões levantadas pelo autor com o intuito de instigar o pensamento do leitor.
Em tempos de tecnologias tão intrinsecamente arraigadas ao cotidiano do homem, a ficção científica é o gênero do momento. Obras do passado merecem ser resgatadas e preservadas, como testemunho da genialidade de autores visionários como Pierre Boulle. As realidades propostas por esses autores, sejam elas robôs, máquinas incríveis, macacos ou alienígenas, nos fazem perceber - e contestar - nossa própria humanidade, colocando-nos na perspectiva necessária para melhor compreendermos questões atemporais a respeito de nós mesmos. (Trecho do prefácio, pág.11)
De todos os pontos apresentados, o que mais chamou minha atenção foi a questão dos estudos e testes com outras espécies. É fácil se sentir ultrajado e revoltado ao ler sobre as situações pelas quais Ulysse é submetido, mas uma rápida pausa para refletir nos leva à um sentimento incômodo misto de vergonha e hipocrisia. Afinal, não é isso que fazemos aos animais? Assim, será que somos tão diferentes dos monstros símios de Boulle, que enxergam humanos como uma subespécie e os caçam por diversão? Hoje esse tipo de questionamento está em pauta, mas imagino que tenha sido algo bem inovador em 1963, quando o livro foi publicado.
A narrativa é bastante envolvente e os capítulos são curtos, o que faz com que a leitura seja fluida e rápida. Além disso, há uma atmosfera de mistério que prende a atenção do leitor até o desfecho, com sua reviravolta de tirar o fôlego. É, sem sombra de dúvidas, uma leitura que permanece atual e, por isso, muito válida. Com certeza, um dos maiores clássicos da ficção científica.
Porém, preciso ressaltar que mesmo tendo gostado da leitura, não sinto que o livro teve um impacto muito forte para mim. Muito disso se deve ao fato de já ter assistido a alguns filmes da franquia. Ainda que o livro de Pierre Boulle tenha inspirado apenas o filme de 1968 e o desfecho seja diferente (mas não muito), sinto que perdi o elemento surpresa fundamental para aquele efeito que faz a cabeça explodir, sabem? Também fiquei na dúvida se o final não seria o mesmo apresentado na adaptação de Tim Burton, lançada em 2001 - faz anos que assisti, então não recordo muito bem.
Ainda assim, gostei de ter lido e fico feliz por finalmente poder riscar O Planeta dos Macacos da minha lista de leitura. Ah, e recomendo o livro para todos.
Em tempos de tecnologias tão intrinsecamente arraigadas ao cotidiano do homem, a ficção científica é o gênero do momento. Obras do passado merecem ser resgatadas e preservadas, como testemunho da genialidade de autores visionários como Pierre Boulle. As realidades propostas por esses autores, sejam elas robôs, máquinas incríveis, macacos ou alienígenas, nos fazem perceber - e contestar - nossa própria humanidade, colocando-nos na perspectiva necessária para melhor compreendermos questões atemporais a respeito de nós mesmos.