26 de setembro de 2014

Tigres em dia vermelho (Lisa Klaussmann)

Ambientado durante as décadas de 1940 e 1960, Tigres em dia vermelho - estreia da estadunidense Liza Klaussmann -, apresenta um drama familiar e traz a história de duas mulheres. Nick e Helena são primas, muito próximas e completamente diferentes. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o futuro parece reservar grandes feitos para as vidas das duas, que estão prestes a se separar pela primeira vez, deixando a gloriosa Tiger House - propriedade da família localizada na ilha Martha's Vineyard e cenário de todos os verões de suas vidas desde quando eram crianças - para o passado.

Nick, dona de um espírito livre, tem todos os motivos para se considerar uma mulher feliz: é rica, mimada e em breve estará na Flórida com Hughes, seu marido e oficial da marinha que acaba de retornar de Londres. Helena, por sua vez, é tímida e nunca se encontrou na situação abastada da prima. Após a morte de seu primeiro marido na guerra, ela vai para Hollywood, onde um novo casamento e uma vida de festas e glamour a aguardam.

Aos poucos, ambas percebem que o futuro não é tão brilhante quanto imaginaram. Em meio a segredos, frustrações e aparências, a relação entre as duas começa a ruir e as visitas à Tiger House que costumavam ser reconfortantes, se transformam em experiências complexas, rotineiras e monótonas. Apenas doze anos depois é que a monotonia é interrompida, quando um acontecimento vivenciado pelos filhos de Nick e Helena abala a estrutura da família e deixa marcas profundas.

A primeira coisa que me atraiu para Tigres em dia vermelho foi a capa; há algo de intrigante nas duas mulheres de maiô vermelho. Mais intrigante ainda é o olhar da moça à direita. Depois de me apaixonar pela capa, li a sinopse (coisa que raramente faço) e decidi que precisava ler.

Os primeiros capítulos são muito envolventes; me deixei levar pela história dessas duas mulheres encantadas com a possibilidade de viver em um mundo livre da guerra e que aparentava trazer um futuro brilhante. Nick é uma mulher de personalidade forte e bastante determinada; por estar acostumada a ter tudo do seu jeito, é mimada e irritante em alguns momentos. É uma personagem bem construída e desenvolvida que foi capaz de me fazer sentir simpatia e ódio em diversos momentos. Gostei da forma como Nick é pura e simplesmente humana: cheia de sonhos, ambições e frustrações.

Helena, apesar de também ter sido bem construída, não foi capaz de gerar em mim a mesma simpatia. Mas talvez essa tenha sido a intenção da autora. Não gostei de como ela lida com as adversidades de sua vida e, principalmente, da falta de amor próprio que ela demonstra. É aquele tipo de personagem que sofre, mas não parece querer sair do sofrimento e/ou aceitar ajuda para fazê-lo. 

Ao longo do livro, a narrativa é dividida em cinco partes que correspondem a cinco perspectivas - Nick, Helena, Hughes, Daisy e Ed (os filhos de Nick e Helena, respectivamente) - o que, a princípio, enriqueceu muito a narrativa, mas que, aos poucos, se transformou em um problema. Enquanto Liza Klaussman fez um excelente trabalho na construção e desenvolvimento de suas personagens femininas, o mesmo não posso dizer a respeito dos personagens masculinos, que em muitos momentos não soaram verdadeiros para mim e suas narrativas foram, em sua maioria, enfadonhas.

Com exceção da última parte, todas as demais são narradas em terceira pessoa. Gostei da forma como a autora elaborou a narrativa, mesclando descrições de ambientes e situações com pensamentos dos personagens. É bastante interessante poder ler duas ou mais perspectivas sobre um mesmo acontecimento e observar como cada personagem tem uma percepção diferente dos fatos e das pessoas envolvidas. Porém, ao mesmo tempo que esse recurso tornou a narrativa rica e interessante, também se tornou enfadonho a partir da quarta parte, pois ficou repetitivo e nada de novo parecia ser acrescentado.

Apesar de ter iniciado a leitura com boas expectativas, com o desenrolar dos acontecimentos as minhas impressões da leitura foram mudando até chegar a um ponto em que comecei a desejar que o livro chegasse logo ao fim para eu saber como a história terminaria. Não vou mentir: não gostei do desfecho do livro. Não por algum acontecimento específico, mas pela forma abrupta como tudo foi acontecendo. A revelação que é feita ao leitor na última parte do livro é bastante previsível - ouso afirmar que desde o início -, mesmo a autora tentando fazê-la parecer surpreendente. Não compreendi a razão para esse trecho ter uma narrativa em primeira pessoa, já que não trouxe explicações mais claras ao leitor, de forma que o desfecho continuou bastante superficial.

Ao concluir a leitura, fiquei com a sensação de ter lido dois livros diferentes. A primeira metade (livro 1) tendo me agradado bastante e me transportado para décadas no passado; a segunda (livro 2), me incomodando por trazer aspectos menos realistas e contrariando tudo o que o livro tinha me apresentado até então. No fim, fiquei com a impressão de que a autora queria causar um impacto, mas como abordou alguns aspectos dos personagens e acontecimentos de forma abrupta e superficial, o desfecho ficou incoerente com o resto da história.

De uma forma geral, Tigres em dia vermelho foi uma leitura envolvente e que começou bem, mas que me decepcionou a partir da metade. Ainda assim, não vou negar que a capa me fascina. E se você ficou intrigado e curioso em relação ao livro, não se deixe levar totalmente pela minha opinião, pois a julgar pelas avaliações no Goodreads e no Skoob, muita gente gostou da leitura, e o único jeito de saber se você vai gostar, é dando uma chance.

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