13 de agosto de 2014

A Ilha do Dr. Moreau (H.G. Wells)

Publicado em 1896, A ilha do dr. Moreau, de H.G. Wells, é considerado até os dias atuais um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica. A obra faz parte da vasta produção realizada nas últimas décadas do século XIX, quando houve um auge na produção de histórias de aventura que misturavam elementos fantásticos e/ou científicos, normalmente ambientadas em lugares distante e exóticos. Foi neste período que autores como Jules Verne, Robert Louis Stevenson, Joseph Conrad e Henry Rider Haggard se estabeleceram como grandes nomes da literatura.

Narrado em primeira pessoa, o livro traz a história de Edward Prendick que, em 1887, sobreviveu ao naufrágio da embarcação Lady Vain e, após alguns dias à deriva, foi resgatado por um navio que transportava animais. Lá, ele conhece um homem chamado Montgomery e seu criado, M'ling, um sujeito bastante estranho e grotesco. Após um tempo, o navio faz uma parada em uma pequena ilha vulcânica, onde desembarcam Montgomery, M'ling e os animais e o capitão resolve abandonar Edward.

Sabendo que não é bem-vindo à ilha, o ex-náufrago logo descobre que raramente navios passam pela região e que, por isso, deverá ficar por lá durante um bom tempo. Logo após o desembarque, Edward é apresentado ao seu anfitrião, o Dr. Moreau, e se recorda de um escândalo envolvendo este doutor - que costumava ser um cirurgião renomado em Londres - e experimentos de vivissecção. Sem ter para onde ir, Edward tenta se adaptar ao cotidiano da ilha e de seu anfitrião, mas gritos e barulhos estranhos vindos do laboratório do doutor e a sensação de ser seguido pela selva lhe indicam que há algo de muito anormal com aquela ilha e com os seus nativos. 

Apesar de conhecer o nome H.G. Wells, confesso que nunca tinha escutado falar de A ilha do dr. Moreau até ter conhecimento da série YA que tem início com The Madman's Daughter (aqui chama A filha do louco), de Megan Shepherd. Como tinha interesse na série, resolvi ler o clássico antes e gostei bastante da experiência.

A forma como Wells apresenta os acontecimentos através dos olhos de Edward contribui muito para a criação de uma atmosfera de suspense e mistério. Aliás, o cenário de uma ilha vulcânica, exótica e fora de rota é bastante intrigante e permite uma série de possibilidades. Admito que, conforme fui descobrindo os segredos que a ilha escondia, não me surpreendi muito. Por se tratar de um clássico, acredito que H.G. Wells influenciou e inspirou muitas histórias, de forma que o tema de A ilha do dr. Moreau (cientista meio "louco" que realiza experimentos nada convencionais) já foi retratado em outras obras da literatura, do cinema e até da televisão.

Ainda assim, foi inevitável não pensar em como o livro deve ter causado um certo impacto na época de sua publicação, quando havia uma discussão acerca de experiências que envolviam a vivissecção de animais. Além dessa discussão, o livro ainda abre margem para discutir sobre outras questões como a interferência do homem na natureza, a ética científica (até que ponto a ciência é capaz de ir para provar alguma teoria?), a religião (tanto cientistas brincando de Deus, quanto a importância da religião para uma sociedade),a responsabilidade moral, a identidade humana (o que é um ser humano? Quais são as características que definem um ser humano?) e a evolução.

Também gostei de poder conhecer uma obra clássica da ficção científica, gênero com o qual tive pouco contato na literatura. Ainda assim, de acordo com parâmetros mais atuais, é meio complicado definir até que ponto a obra é ficção científica e até que ponto é fantasia, já que para alguns aspectos da história não temos explicações científicas. No final, fiquei com a sensação de que a obra é uma mistura dos dois gêneros, o que funcionou muito bem. 

Para finalizar, recomendo bastante a leitura de A ilha do dr. Moreau para aqueles que gostam de conhecer os clássicos, que se interessam por ficção científica ou por H.G. Wells. Eu, que até então, nunca havia lido nada do autor, certamente irei ler suas outras obras.

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