6 de junho de 2013

A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra (Robin Sloan)

Comprei um Kobo. Em abril finalmente resolvi abandonar as minhas concepções não muito claras a respeito dos e-readers e comprei um Kobo. Mas esse post não tem nada a ver com o meu Kobo, apenas com a minha primeira leitura realizada com ele. Desde que fiquei sabendo da existência de A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan, fiquei curiosa para conhecer a história ali narrada e seus personagens. Com a minha nova aquisição em abril pensei com meus botões e decidi que este seria o melhor livro para estrear o Kobo. Minhas expectativas eram muita altas. Em relação a ambos, livro e e-reader. Apenas um deles correspondeu às expectativas: o Kobo.

Gostaria de deixar bem claro que não detestei a leitura. De forma alguma. O livro é divertido, interessante e até me fez rir com algumas passagens, mas ainda assim não me ganhou. Sabe quando você abre o freezer, naquele dia em que a temperatura se iguala à do deserto do Saara, e encontra aquele pote de sorvete lindo te esperando e aí, você vai todo alegre e serelepe abrir o pote só para se frustrar ao descobrir que, na verdade, era feijão? Pois então, foi mais ou menos assim que me senti em relação ao livro de Robin Sloan. Queria sorvete de flocos e ganhei feijão congelado. 

O livro traz a história de Clay Jannon, um jovem web-designer desempregado que se vê obrigado a mudar de carreira por conta da recessão econômica que atingiu os EUA em 2008. Ele conseguiu um emprego como funcionário da Livraria 24 horas do Mr. Penumbra, um velhinho estranho e misterioso. Clay fica responsável pelo turno que vai das 22h até às 6h, o que, a princípio, acha incrível já que ninguém deve frequentar livrarias durante este horário. Entre as regras do novo emprego, duas chamam a atenção de Clay: 1) ele deve manter um registro de todas as pessoas que entrarem na loja e esse registro não deve conter apenas o nome do cliente, mas uma descrição física do mesmo, assim como as roupas que estiver vestindo; 2) não deve, sob hipótese alguma, mexer nos livros que ficam no alto de uma estante.

Logo na primeira noite de trabalho, Clay percebeu que, ao contrário do que pensava, a livraria tinha clientes durante o horário de seu turno. Clientes que fugiam do normal, pois todos tinham uma aparência estranha - alguns meio paranoicos - e sempre pegavam livros da seção que Penumbra o proibira de mexer, a qual Clay passou a de chamar de "registro pré-histórico", pois eram livros muito, muito, muito, muito antigos. A loja, além de funcionar como um livraria e um sebo, parece ter uma função parecida com a de uma biblioteca, pois esses clientes alugavam os livros do registro pré-histórico e, depois de alguns dias, os devolviam e pediam outros.

Mesmo sabendo que não estava autorizado a mexer naqueles livros, Clay resolveu desobedecer a regra...E eu vou parar por aqui, porque não quero estragar a narrativa para aqueles que se interessaram pelo livro. O que posso dizer é que Clay se interessa pelo que encontrou nos livros e embarca em uma "investigação" a respeito da livraria, do Mr. Penumbra e de seus clientes. E ele não faz isso sozinho, pois vai contar com a ajuda de um amigo bilionário e uma menina hacker que trabalha para o Google.

Agora, vamos aos motivos que me fizeram não gostar tanto de A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra quanto eu queria ter gostado. O primeiro deles é o rumo em que a história começa a caminhar; esperava que fosse seguir uma linha, mas me enganei e a coisa é completamente diferente do que eu imaginei que seria. Estava esperando algo meio Agatha Christie e se você pensou o mesmo, pode ser que se frustre também. Na verdade, o que encontrei foi algo entre o RPG - assunto sobre o qual não entendo e não posso falar - e algo que realmente não sei definir. Outra coisa que me incomodou foi a superficialidade dos personagens. Eu gosto de personagens bem construídos, daqueles que a gente conhece a história e se sente próximo, sabe? No entanto, a história de Robin Sloan não precisa de personagens muito aprofundados e, se parar para pensar, até que a superficialidade deles foi boa para o andamento da narrativa. Mas ainda assim, não gostei.

Ainda assim, o livro trouxe algumas questões convidativas à reflexão, como, por exemplo, o conflito entre o conhecimento antigo (armazenado em livros) e o conhecimento novo (internet) e a forma como hoje mudamos a nossa forma de buscar informações - o bom e velho "ah, joga no Google" -, assim como as obtemos de forma bastante superficial. Outra questão que me atraiu foi a discussão a respeito de uma possível substituição dos livros físicos pelos e-books; achei isso incrível, já que estava lendo no Kobo.

Em linhas gerais, para mim, A Livraria 24 do Mr. Penumbra foi um bom entretenimento e nada além disso. Gostaria de ter amado este livro como muita gente amou, mas não foi o que aconteceu. Não rolou química entre o livro e esta que vos escreve. No entanto, ainda recomendo a leitura para aqueles que se interessaram pela história; pode ser que outros achem interessante justamente aquilo que não me agradou.✦

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