11 de março de 2020

O Assassinato de Roger Ackroyd (Agatha Christie) | Hercule Poirot, livro #4

Desde que decidi ler as obras de Agatha Christie de forma mais ou menos cronológica, meu interesse por O assassinato de Roger Ackroyd só aumentava. O livro está sempre nas listas de melhores obras da autora, é o favorito de muitos fãs e é o único trabalho dela na lista dos 1001 livros para ler antes de morrer. A expectativa estava alta e fico feliz ao perceber que foi atingida. Até agora não acredito que consegui escapar de spoilers e pude ter uma experiência de leitura completa, sem interferências e meio que sem saber para onde tudo estava caminhando.

Aqui somos apresentados à King's Abbot, uma vila pacata na qual os moradores passam a maior parte do tempo fofocando e nada de muito interessante acontece... exceto assassinatos. Logo no início ficamos sabendo da morte de Mrs. Ferrars, que de acordo com os rumores da cidade, cometeu suicídio. Sua morte ocorre um ano após a de seu marido, que teria morrido após ingerir soníferos, mas há quem acredite não se tratar de um acidente. Para completar a sequência de mortes estranhas, Roger Ackroyd, um dos homens mais ricos da região, é encontrado em sua mansão após ser esfaqueado com uma adaga de sua própria coleção. Caroline Sheppard é uma das mulheres mais fofoqueiras e mais bem informadas da cidade e acredita que as mortes estejam relacionadas. Desconfiada, ela resolve pedir a ajuda de seu vizinho, um detetive belga aposentado: Hercule Poirot. 

O livro foi publicado em 1926 e traz alguns dos elementos mais característicos nas obras da autora, ao mesmo tempo em que subverte alguns aspectos para surpreender o leitor. Poirot utiliza seu método de investigação, sua capacidade de observação e as suas células cinzentas para chegar à verdade. Toda a verdade, como ele gosta de dizer. É uma história com nuances e nada é como parece; todo mundo esconde algo e, por isso, a atmosfera de desconfiança é constante. Se você é como eu e também gosta de desempenhar a função de detetive, O assassinato de Roger Ackroyd é um prato cheio. Aqui temos segredos para serem desvendados, pistas confusas, reviravoltas e personagens com motivações diversas para serem considerados assassinos em potencial. O que mais gostei nesse livro é que tudo é bem redondinho e nenhuma ponta fica solta. O final é surpreendente, tanto na revelação do assassino, quanto no que se segue após esse momento - provavelmente, o aspecto que mais me impactou no livro.

Eu consegui descobrir quem cometeu o crime antes do desfecho, mas isso não quer dizer muita coisa, pois essa é uma história bem engenhosa, do tipo que dá um nó no cérebro e explode a sua cabeça no momento da revelação. São vários pontos que precisam ser explicados, então mesmo adivinhando quem cometeu o crime (e, realmente, dá para ficar na dúvida entre os suspeitos), ainda é necessário descobrir o motivo e encontrar soluções para outros mistérios que surgem na história. São muitos os detalhes e, como costuma acontecer nos livros de Agatha Christie, neles se escondem as respostas. E isso é o máximo que posso dizer sem revelar muita coisa, pois esse é o tipo de livro que é melhor ler sem saber muito e se deixar surpreender. 

Ainda não sei se O assassinato de Roger Ackroyd será o meu livro preferido da autora, mas é o que mais gostei até o momento desde que resolvi (re) ler seus livros. Entendo o porquê de muitas pessoas o considerarem o melhor trabalho da autora e também compreendo a sua importância para o romance policial, pois a autora inovou em alguns aspectos e trouxe um impacto significativo para o gênero. Peço que me desculpem por ser ~misteriosa~ e não revelar mais ou dar muitas explicações, mas faço isso pelo bem de quem tem interesse em ler o livro, ok? Leitura mais que recomendada!