31 de dezembro de 2013

Retrospectiva Literária 2013

E o fim de 2013 finalmente chegou! Hora de fazer os planos para o ano que vai começar e também de fazer retrospectivas. Esse fim de ano está bastante corrido por aqui, mas não poderia deixar os livros passarem em branco, né? Como no ano passado, participei da retrospectiva literária criada pelo blog Pensamento Tangencial

Uma aventura que me tirou o fôlego: A Tormenta de Espadas, de George R.R. Martin
Um terror que não me deixou dormir: O Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, de Ransom Riggs
Um suspense eletrizante: Convite para um homicídio, de Agatha Christie
Um romance que me fez suspirar: A última carta de amor, de Jojo Moyes
Um clássico que me marcou: O diário de Anne Frank, de Anne Frank
Um livro que me fez refletir: O diário de Anne Frank, de Anne Frank
Um livro que me fez rir: As Crônicas dos Kane, de Rick Riordan
Um livro de fantasia que me encantou: O Circo da Noite, de Erin Morgenstern
Um livro que me decepcionou: A Livraria 24h do Mr. Penumbra (Robi Sloan), O futuro de nós dois (Jay Asher e Carolyn Mackler), O Natal de Poirot e O Mistério do Trem Azul (ambos de Agatha Christie), Anna e o Beijo Francês (Stephanie Perkins), O Chamado do Cuco (J.K. Rowling sob o pseudônimo Robert Galbraith)
Um livro que me surpreendeu: A Tormenta de Espadas e O Festim dos Corvos (ambos de George R.R. Martin)
O livro mais criativo: O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, de Ransom Riggs
A melhor HQ: Turma da Mônica - Laços (Vitor e Lu Cafaggi)
O infanto-juvenil que se superou: O Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, de Ransom Riggs
A frase que não saiu da minha cabeça: "I go to seek a great perhaps", de François Rabelais, citada em Quem é você, Alasca?, de John Green.
Personagem do ano: Gueórgui, de O Palácio de Inverno, de John Boyne; Celia Bowen, de O Circo da Noite, de Erin Morgenstern
Casal perfeito: Marco e Celia, de O Circo da Noite
Autor revelação de 2013: John Boyne e Neil Gaiman
O melhor livro que li em 2013: O Circo da Noite, de Erin Morgenstern
Total de livros lidos em 2013: 41

Metas para 2014:


✔ A Abadia de Northanger, de Jane Austen
➤ Os Belos e Malditos, de F. Scott Fitzgerald
✔  Fahrenheit 451, de Ray Bradbury
➤  Grandes Esperanças, de Charles Dickens
✔  O Príncipe da Névoa, de Carlos Ruiz Zafón
✔  As virgens suicidas, de Jeffrey Eugenides
✔  Insurgente, de Veronica Roth
✘ Convergente, de Veronica Roth
➤ As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley
➤ As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis
➤ Os Heróis do Olimpo, de Rick Riordan









14 de dezembro de 2013

O Natal de Poirot (Agatha Christie) | Hercule Poirot, livro #20

Em O Natal de Poirot somos apresentados à família Lee e a história tem inicio em 23 de dezembro, quando, às vésperas de natal, o sr. e a sra. Albert Lee se preparam para realizar uma festa que deverá reunir toda a família em sua mansão. Até aí, tudo bem, pois é isso que se espera do natal, certo? Mas a família Lee não é o que a gente chamaria de uma família unida. Além de Lydia e Albert Lee, na mansão também vive Simeon Lee, o patriarca da família que fez sua fortuna na África do Sul. Com a exceção de Alfred, nenhum dos outros filhos de Simeon Lee tem paciência para o pai, que é um homem bastante desagradável e de gênio forte. Ah, os filhos de Simeon Lee também não se dão bem uns com os outros.

Para a festa são esperados os filhos George e David Lee com suas respectivas esposas, Harry Lee - o filho pródigo - , além de Pilar Estravados - neta de Simeon Lee, que perdeu a mãe há um ano e agora deixa a Espanha para viver com a família na Inglaterra - e Stephen Farr, filho de um antigo sócio de Simeon. Após o jantar do dia 23 de dezembro, Simeon Lee é encontrado morto de forma bastante violenta em seu escritório e ninguém parece entender como o crime ocorreu. Para solucionar esse mistério, o superintendente de polícia Sugden é convocado e sim, ele contará com a ajuda de Hercule Poirot. E sim, a ideia é que o crime foi cometido por alguém que estava na festa.

As circunstâncias em que o crime foi cometido o tornam bastante intrigante e praticamente impossível de ser desvendado, e isso é algo que envolve o leitor por horas até que consiga desvendar o grande mistério. E é justamente na solução que a minha frustração surgiu. Durante toda a leitura, me peguei querendo ser Poirot, juntando pistas e formando teorias e nenhuma delas foi a correta. Mas isso não quer dizer que a solução tenha sido surpreendente, porque não foi. Sabe quando a gente pensa, lá pela metade do livro, em uma solução bem óbvia e que acaba descartada porque sabemos que Agatha Christie vai apresentar uma explicação mil vezes melhor? Nesse caso, não há explicação melhor e a solução do crime é justamente a opção óbvia. Aliás, algumas pistas eram tão na cara que até achei que Agatha as tinha colocado lá para confundir...mas errei. No fim, não gostei do crime e achei a solução bem previsível e chata.

Para finalizar, apenas direi que O Natal de Poirot é um livro ok, nem de longe o melhor da autora e não o recomendaria para quem quer conhecer o seu trabalho.✦

1 de dezembro de 2013

A Sombra da Serpente (Rick Riordan) | As Crônicas dos Kane, livro #3

No final do livro anterior, Carter e Sadie conseguem encontrar e libertar Rá, o deus do Sol, porém o deus está longe de ser o que eles imaginaram. Além disso, os outros deuses - principalmente Ísis e Horus - não estão contentes com as ações dos Kane. Ao que tudo indicava, Rá seria o único capaz de derrotar Apófis, porém o deus parece estar completamente caduco, sem fazer a menor ideia do motivo de ter sido desperto.

No início de A Sombra da Serpente, as coisas continuam não muito bem para os irmãos Kane. Rá continua caduco, os outros deuses continuam se sentindo contrariados, Bes perdeu a sua alma, Walt continua amaldiçoado e muitos mágicos resolveram se opor aos Kane, contribuindo para a causa de Apófis. Só para não dizer que está tudo ruim: Amós virou o novo líder da Casa da Vida e Zia parece, finalmente, se entender com Carter. 

Logo no primeiro capítulo, Carter, Sadie e alguns de seus alunos estão em uma exposição sobre Tutancâmon. O motivo que os levou até lá é um exemplar do livro para derrotar Apófis escrito por um poderoso mágico chamado Setne na época do Antigo Egito. Acredita-se que existam apenas três cópias desse livro espalhadas pelo mundo e Apófis conseguiu destruir duas. Como é de se esperar, os Kane não tem muita sorte e o plano não funciona muito bem. Agora, Carter e Sadie terão que, mais uma vez, correr contra o tempo para derrotar Apófis e evitar que o mundo mergulhe em caos. 

Como desfecho para uma série, A Sombra da Serpente funciona muito bem. Assim como nos livros anteriores, traz bastante ação mesclando com mistério e informações sobre a mitologia egípcia. Ao contrário do que vinha acontecendo, o terceiro livro acaba não focando em um mito específico, mas sim na ideia que os antigos egípcios faziam de vida após a morte, apresentando informações a respeito do conceito de alma e sombra. No que diz respeito a desenvolvimento de personagens, Rick Riordan conseguiu fazer um ótimo trabalho; Carter e Sadie se mostram mais convictos a respeito de seus objetivos e estão prontos para liderar a luta contra Apófis e restaurar a Casa da Vida.

É válido mencionar também que o autor não deixou nada sem resolução. Tudo é explicado e todos os personagens tem um desfecho decente. Não fiquei com a sensação de que algo estava muito forçado ou algo do tipo. Gostei principalmente do tom "realista" que o autor resolveu utilizar para finalizar a trilogia, o que foi bastante coerente com o contexto e universo por ele criados. Sim, é um final feliz, mas não necessariamente um "...e foram felizes para sempre". Achei muito interessante também o fato de o autor deixar claro durante toda a trilogia que todos os seus livros estão ambientados no mesmo universo, o que abre margem para uma interação entre os personagens de As Crônicas dos Kane e de Percy Jackson e os Olimpianos. Aliás, a trilogia toda é cheia de referências à série de Percy.

Para finalizar: sim, eu aprovei o final da trilogia, gostei bastante de A Sombra da Serpente - apesar de ainda achar que O Trono de Fogo foi melhor - e recomendo muito a leitura para quem gostou dos dois primeiros livros, quem gosta das outras séries do Rick Riordan e para quem é como eu e adora uma aventura juvenil.✦


21 de novembro de 2013

O Trono de Fogo (Rick Riordan) | As Crônicas dos Kane, livro #2

Três meses após os acontecimentos em A Pirâmide Vermelha, Carter e Sadie Kane estão de volta à Casa do Brooklin, onde agora desempenham a função de professores, ensinando o caminho dos deuses para aqueles que, como eles, também tem o sangue dos faraós.

Já no início da história, acompanhamos os irmãos Kane acompanhados por dois de seus melhores estudantes, Jaz e Walt, além de Khufu, o babuíno, em uma missão: invadir o Museu do Brooklin no meio da noite, durante uma festa, para "pegar emprestado" um artefato egípcio sem serem pegos. O tal artefato é, na verdade, uma parte do Livro de Rá, Deus Sol há muito tempo aposentado e desaparecido. O objetivo dos jovens magos é juntar as três peças do Livro de Rá, na esperança de assim poderem encontrá-lo a tempo de derrotar Apófis, o Deus do Caos, que ameaça retornar, engolir o Sol/Rá e mergulhar o mundo em...caos.

O único problema no plano dos irmãos Kane é o fato de que ninguém - nem mesmo os deuses! - sabe onde Rá está, nem como encontrá-lo. Até mesmo com a recuperação do Livro de Rá, não há garantia de que o deus possa mesmo ser encontrado, já que nunca nenhum mago realizou um feitiço tão poderoso quanto o que está no livro. Para piorar a situação, a Casa da Vida está em conflito: parte dos magos acredita nos Kane e outra parte acha que eles devem ser punidos por praticarem magia e o caminho dos deuses. O chefe da Casa da Vida, Michel Desjardins está de volta e continua sem acreditar que Apófis está tentando escapar de sua prisão. Além dele, Carter e Sadie ainda terão que enfrentar outro mago poderoso: Vladmir Menshikov, líder do Décimo Oitavo Nomo, que, assim como Desjardins se recusa a acreditar nas histórias dos Kane e é conhecido por ser um homem um tanto obscuro, sinistro.

Com mais uma missão ~impossível~, Carter e Sadie Kane precisarão correr contra o tempo para salvar o mundo de um futuro terrível. Durante a jornada, como é de se esperar, os irmãos irão enfrentar alguns obstáculos, conhecer novos amigos e inimigos e decifrar alguns mistérios. No fundo, o livro traz aquilo que o narrador da Sessão da Tarde chamaria de uma turminha do barulho aprontando altas confusões. E não entenda isso como algo ruim, caro leitor, porque não é.

***

Em linhas gerais, posso dizer que gostei muito mais de O Trono de Fogo do que de A Pirâmide Vermelha, que funciona muito bem como uma introdução ao universo mas, convenhamos, tem momentos meio...sem graça, enjoativos, chatinhos. O fato é que, mesmo adorando o primeiro livro, o achei muito longo, com muita ação, personagens correndo o tempo todo. E achei isso bastante desnecessário, sabem? Já em O Trono de Fogo as coisas são mais equilibradas, ação e partes lentas na medida certa, além do tão amado desenvolvimento de personagens! Ao contrário do que aconteceu no primeiro volume, neste livro consegui distinguir a narrativa do Carter da narrativa da Sadie e pude perceber por meio delas o quanto os irmãos são diferentes. Inclusive, consegui decidir qual jeito de contar a história me agrada mais: o jeitinho da Sadie, todo trabalhado no sarcasmo e na indiferença. Mas ainda assim, não consegui decidir qual irmão Kane é o meu favorito.

O Trono de Fogo traz também ótimos personagens novos como Bes, o deus dos anões incrivelmente descrito pela Sadie, e Walt, um dos estudantes dos Kane que aparentemente esconde um segredo. Também temos pistas sobre o que teria acontecido com a Zia, conhecemos um pouco do dia-a-dia da Casa do Brooklin, que passou a funcionar como um colégio interno alternativo e aparições de Anúbis.

Mais uma vez, recomendo a leitura para todos aqueles que, como eu, adoram uma aventura infantojuvenil, histórias sobre o Egito Antigo e, claro, para quem já leu A Pirâmide Vermelha.✦

20 de agosto de 2013

Convite para um homicídio (Agatha Christie) | Miss Marple, livro #5 (primeira leitura)

Em Convite para um homicídio, Agatha Christie nos apresenta uma típica manhã no pequeno vilarejo de Chipping Cleghorn, nos apresentando o cotidiano de seus moradores e alguns de seus hábitos, como o de religiosamente ler o caderno de classificados no Chipping Cleghorn Gazette. A narrativa inicia com o que poderia ser um dia corriqueiro, como qualquer outro, não fosse um anúncio peculiar no jornal: um homicídio iria acontecer às 18h30 na residência de Letty Paddock e todos estavam convidados.

Como era de se esperar o anúncio obteve bastante repercussão. Uns acharam que se tratava de uma brincadeira de mal gosto planejada por Patrick, sobrinho de Letty Paddock; outros resolveram acreditar que se tratava de um convite para jogar detetive. A suposta anfitriã não poderia estar mais surpresa com o convite, já que ela não sabia de nada, e, ao perceber que não teria escapatória, resolve fazer uns breves preparativos para receber os "convidados". No fim da tarde, um grupo de pessoas decide comparecer ao evento. Alguns para, de fato, brincar de detetive; outros apenas para saber do que se trata; e tem aqueles que só vão para saber das últimas fofocas da região.

Os comes e bebes foram preparados, os convidados foram pontuais e chegou a hora de começar a brincadeira... as luzes se apagaram. Um homem mascarado abre a porta da frente. É possível escutar o som de dois disparos. O homem cai, morto, no chão da sala de visitas. E assim, mais uma vez, Agatha Christie consegue nos prender a mais um mistério. Dessa vez, acompanharemos a investigação do inspetor Craddock, que contará com a ajuda de ninguém mais, ninguém menos que a adorável Miss Jane Marple, uma velhinha que, por trás dos cabelos brancos e das agulhas de tricô, esconde muita inteligência e sagacidade. 

Ainda não conhecia Miss Marple e não consigo pensar em uma apresentação melhor. Quanto ao mistério em questão, apenas direi que foi um dos melhores que li da autora até agora. Não consegui, de forma alguma, descobrir quem era o assassino e vocês não tem ideia de como fiquei surpresa quando o mistério foi revelado. 

A coerência com que Agatha liga cada um dos pontos e pistas da investigação me deixou bastante irritada com a minha falta de capacidade para perceber o que estava bem na minha cara, rs. Gente, sério, tudo faz sentido e a solução é bastante satisfatória. A narrativa dispensa comentários extensos: é Agatha em sua melhor forma. Para concluir, direi apenas que Convite para um homicídio é sim uma leitura recomendada e que pode funcionar muito bem como porta de entrada para aqueles que ainda não estão familiarizados com os romances da autora.✦

7 de agosto de 2013

O Mistério do Trem Azul (Agatha Christie) | Hercule Poirot, livro #6 (primeira leitura)

O mistério do Trem Azul
, publicado em 1928, nos apresenta a Riviera Francesa, local onde os ricos britânicos costumavam passar o inverno e que servirá como cenário para a narrativa de Agatha Christie. Ruth Kettering faz parte da alta sociedade britânica e é bastante infeliz em seu casamento com Derek, que só se casou pela fortuna do pai da moça e a trai com uma dançarina. Determinado a convencer a filha a pedir um divórcio, Rufus Van Aldin, um milionário norte-americano, resolve presenteá-la com um mimo: um colar de rubis conhecido como Coração de Fogo, famoso e cobiçado por ter pertencido a muitos reis, imperadores e czares, além de ter uma história recheada de tragédias e mortes.

Dias após garantir ao pai que irá se divorciar de Derek, Ruth embarca no Trem Azul, rumo à Riviera Francesa. O motivo que a levava até lá era desconhecido. Durante a primeira noite no trem, Ruth é assassinada de forma bastante brutal e seus rubis são roubados. Ninguém observou nada de estranho durante a noite e o crime só foi descoberto no dia seguinte. Para sorte da polícia francesa e para a alegria do leitor, Hercule Poirot estava à bordo do Trem Azul e resolve investigar o crime que, aparentemente, não deixou nenhuma pista.

Ao longo da investigação vamos descobrindo como era a vida de Ruth e, consequentemente, os suspeitos começam a surgir, como, por exemplo, um possível amante do passado. Além de acompanharmos Poirot em sua investigação, conhecemos Katherine Grey, uma dama de companhia que herdou uma grande fortuna e que também estava à bordo do Trem Azul, sendo a última pessoa que viu a vitima com vida.
Sinceramente, não entendi muito bem qual foi a utilidade de Katherine Grey na história. No começo, até compreendi, já que ela havia sido a última pessoa a conversar com Ruth Kettering, mas ainda não entendi qual foi a necessidade de contar toda a história da personagem. Não que ela fosse desinteressante, muito pelo contrário, durante a leitura eu fiquei mais preocupada com a vida de Katherine do que com a solução do crime, que diga-se de passagem parece ter sido esquecido durante parte do livro.

De uma forma geral, esperava mais de O mistério do Trem Azul. Não que seja um livro ruim, mas de modo algum pode ser considerado um dos melhores da autora. A sensação que tive foi que, em algum momento, Agatha se perdeu; se esqueceu do crime. Não sei. O fato é que tudo fica muito solto, a narrativa para de focar na investigação e começa a mostrar a vida cotidiana dos personagens. No fim das contas, não gostei nem um pouco da solução do crime, porque a meu ver, ao contrário do que ocorreu com outros livros da autora, as pistas deixadas não foram muito explicadas e não consegui ligar muitos pontos. Ficou faltando algo. Nem o brilhantismo de Hercule Poirot me ajudou.✦

Avaliação: 

6 de agosto de 2013

O oceano no fim do caminho (Neil Gaiman)

O oceano no fim do caminho nos traz a história de...um homem/menino. Sim, vou me referir ao protagonista dessa maneira porque ele não tem nome e se o tem, o mesmo não é mencionado no livro. Tudo começa quando o protagonista, já adulto, retorna à cidade em que viveu a sua infância por conta do velório de um parente. Ao chegar, talvez por angústia, talvez por não saber como reagir aos comentários dos convidados, ele resolve sair do local do velório, entrar no carro e dirigir até o fim da rua. A intenção inicial era poder rever a casa em que viveu tantos momentos marcantes de sua infância, mas, a casa foi demolida há anos. Dessa forma, o protagonista resolve continuar dirigindo até chegar à Fazenda Hempstock, onde vivia Lettie - uma amiga de infância -, na companhia da mãe e da avó.

Ele entra na casa e é recebido por uma senhora, que o reconhece. Ainda abalado por conta do velório, ele pede para entrar na casa e ver o lago que fica no quintal. Lago que, anos atrás, Lettie o havia convencido que era um oceano. Após sentar em um banco na beira do lago e começar a observar a água, o protagonista conduz o leitor durante a narrativa de suas memórias, apresentando fatos que marcaram parte de sua infância - fatos esquecidos, ou talvez recordados de forma diferente.

Só posso contar isso porque qualquer coisa a mais pode estragar a leitura. Parte da graça de O oceano no fim do caminho é ir descobrindo as coisas conforme elas vão sendo contadas. Mesmo que a história seja narrada por um homem adulto, acompanhamos as aventuras de uma criança de sete anos e observamos tudo a partir de seu ponto de vista inocente, que não entende muito bem porque a vida é do jeito que é.

É o tipo de leitura que cada um vai interpretar de uma maneira diferente. E isso se deve ao fato de Neil Gaiman remeter à infância. Fica difícil não se identificar com a inocência do protagonista, com os questionamentos que ele faz. Durante a leitura, muitas vezes, me peguei lembrando de quando eu tinha sete anos e da forma como eu costumava encarar o mundo. Quando terminei, não sabia explicar - e ainda não sei - o que sentia. Era um misto de nostalgia, angustia e melancolia. Mas sabe quando é possível enxergar beleza nesses estados? Então, foi justamente o que aconteceu! Neil Gaiman é famoso por inserir elementos fantásticos em suas histórias e com O oceano no fim do caminho não poderia ser diferente. Mas, ao contrário do que aconteceu em Lugar nenhum, a fantasia não é foco principal do livro novo. Pelo menos não a meu ver.

Em linhas gerais, querem saber se recomendo a leitura de O oceano no fim do caminho? Sim, mas talvez não seja a melhor opção para quem não conhece nada do autor. Não porque seja um livro ruim - longe disso! - mas porque estamos falando de um livro mais introspectivo, mais reflexivo, que mexe com o emocional. Tem aventura, fantasia e imaginação? Claro que tem, afinal de contas, a vida de uma criança de sete anos é cheia desses elementos, mas é como eu disse, eles não são o foco principal na narrativa.✦

1 de agosto de 2013

Lugar Nenhum (Neil Gaiman)

Lugar Nenhum - primeiro romance de Neil Gaiman, publicado em 1996 - vai nos trazer a história de Richard Mayhew, um escocês que vive em Londres e leva uma vida aparentemente normal: trabalha em um escritório e está prestes a se casar com Jessica, uma bela e chata mulher. Em uma noite, enquanto se dirigia para um jantar com o chefe de Jessica, Richard é surpreendido ao encontrar uma garota bastante ferida - que parece ter brotado do nada, diga-se de passagem - caída no chão. Ele decide ajudá-la e, mesmo achando curioso o fato de ela pedir para não ser levada para um hospital, a leva para casa.

É a partir daí que a vida de Richard para de fazer sentido. Ainda em seu apartamento, Richard descobre que o nome da garota é Door e que ela estava fugindo do Senhor Croup e do Senhor Vandemar, duas pessoas (?) que receberam ordens para matá-la. Se não fosse por Richard, Door poderia estar morta. E por causa disso, ele sofreria as consequências.

No dia seguinte, após se despedir de Door, Richard percebe que se tornou invisível para aqueles que antes faziam parte de sua vida. Não é mais reconhecido no escritório, seu melhor amigo não sabe quem ele é, Jessica nunca o conheceu, seu apartamento foi vendido. Richard se tornou invisível. Pior que isso, é como ele nunca tivesse existido. Por mais peculiar que seja a sua situação, Richard não demora a perceber que não é o único em tal condição. Descobre também a existência da Londres - de - Baixo (situada no subsolo da Londres - de - Cima), um enorme labirinto nos esgotos, povoado por toda sorte de gente e criaturas, como monstros, monges, nobres do passado e ratos, claro. E é óbvio que Door só poderia vir dali.

Mas quais foram os motivos que a levaram a fugir? Por que queriam matá-la? E por que apenas Richard parecia ser capaz de enxergá-la naquela noite em que estava ferida? Essas são algumas das perguntas que o leitor faz enquanto mergulha na narrativa construída por Gaiman, que faz uso de muita criatividade ao nos apresentar esse mundo novo que é a Londres - de - Baixo, um lugar sem noções claras de tempo e espaço.

É lá que Richard irá conhecer o Marquês de Carabas, um homem meio obscuro e difícil de decifrar, pois sua personalidade é cheia de enigmas. O Marquês se une a Richard e Door em uma missão - que eu não vou contar, para não estragar a graça - e, no meio do caminho eles irão conhecer personagens bastante inusitados, como a caçadora Hunter e o anjo Islington. Ah, e ainda terão que lutar contra o tempo, pois os Senhores Croup e Vandemar não desistiram da ideia de matar Door.

Não fazia ideia do que esperar desse livro e morria de medo de não gostar, porque se isso acontecesse, iria ficar com um pé atrás antes de resolver ler qualquer outra coisa escrita por Neil Gaiman. Fiquei feliz por ter escolhido começar com Lugar Nenhum que, pelo que pude perceber, não figura na lista das obras - primas do autor, como Deuses Americanos e Sandman. O que mais me encantou durante a leitura é que, de alguma forma, a história tem algum elemento não identificado que me fez lembrar dos desenhos animados que eu gostava de assistir quando era criança - aqueles produzidos nos anos 1980 que envolviam jovens e magia.

Eu sei que pareci meio vaga na última frase, mas é que eu realmente não sei qual é o elemento que me fez gostar tanto de Lugar Nenhum. Só sei que gostei! E o único motivo de ter tirado uma estrelinha na minha avaliação final (4 estrelas) é que, quando terminei a leitura, fiquei com a sensação de que algo ficou faltando. Mas nem isso foi capaz de estragar a experiência. Muito pelo contrário, do começo ao fim, a narrativa de Gaiman me prendeu, me deixou curiosa para descobrir qual seria a nova descoberta de Richard naquele mundo subterrâneo esquisitíssimo. 

Justamente por essa capacidade incrível ao contar uma história que considero Lugar Nenhum uma leitura super recomendada, que pode, inclusive, ser uma porta de entrada para aqueles que, com eu, não conheciam o trabalho do autor. Dessa forma, recomendo sim a leitura!✦

17 de junho de 2013

O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald)

Em O Grande Gatsby, Nick Carraway narra uma série de acontecimentos que marcaram a sua vida no verão de 1922, quando se mudou de sua cidade natal no oeste dos Estados Unidos para Long Island. Vivendo em um chalé simples, mas rodeado por mansões na vizinhança, logo no início de sua narrativa, Nick se impressiona com o luxo e a movimentação na casa de seu vizinho, Jay Gatsby, um homem sobre o qual todos ouviram falar, mas que ninguém conhece. Rola toda uma aura misteriosa a respeito desse sujeito.

Gatsby é famoso na região pelas festas absurdamente badaladas e luxuosas que oferece em seu "pequeno" castelo para todos aqueles que quiserem comparecer aos eventos. Ao contrário do que acontece com todos os que aparecem nas festas de Gatsby, Nick recebe um convite assinado pelo próprio anfitrião, que insiste para que ele compareça à próxima festa. Curioso e com um certo receio, Nick resolve ir e, ao chegar lá, se surpreende ao descobrir que praticamente ninguém conhece Gatsby e muitos sequer o viram.

Além do vizinho peculiar, excêntrico e completamente desconhecido, Nick vai nos apresentar à Daisy, sua prima distante e rica que casou com um homem igualmente rico; Tom, o marido de Daisy; e Jordan Baker, uma jogadora de golfe famosa e amiga de longa data de Daisy. Já no começo da narrativa, descobrimos que a vida matrimonial de Tom e Daisy não é tão perfeita quando parece, mas sim rodeada de segredos. E o único que parece ter conhecimento dos segredos é Nick, o narrador/observador. 

***

Conhecido por retratar a chamada Era do Jazz em suas obras, Fitzgerald publicou O Grande Gatsby em 1925, um período em que os Estados Unidos viviam a prosperidade econômica, antes do grande crash da bolsa de valores em 1929. Apesar de retratar a vida luxuosa e cheia de glamour da alta sociedade, a obra também faz uma sutil crítica ao materialismo e a superficialidade presentes na vida das pessoas dessa elite.

No que diz respeito à narrativa do livro não posso mentir. Na primeira vez que li, no ano passado, levei semanas para vencer os três ou quatro capítulos iniciais, que se arrastavam em uma narrativa lenta, sem muitos acontecimentos e que parecia não levar a lugar algum. Felizmente, as coisas melhoraram quando Gatsby entrou na história e me apaixonei pelo livro. Recomendo a leitura à todos que gostam de conhecer os clássicos, ou que tenham a curiosidade de conhecer Fitzgerald, ou que estejam curiosos para assistir ao filme.✦

6 de junho de 2013

A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra (Robin Sloan)

Comprei um Kobo. Em abril finalmente resolvi abandonar as minhas concepções não muito claras a respeito dos e-readers e comprei um Kobo. Mas esse post não tem nada a ver com o meu Kobo, apenas com a minha primeira leitura realizada com ele. Desde que fiquei sabendo da existência de A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan, fiquei curiosa para conhecer a história ali narrada e seus personagens. Com a minha nova aquisição em abril pensei com meus botões e decidi que este seria o melhor livro para estrear o Kobo. Minhas expectativas eram muita altas. Em relação a ambos, livro e e-reader. Apenas um deles correspondeu às expectativas: o Kobo.

Gostaria de deixar bem claro que não detestei a leitura. De forma alguma. O livro é divertido, interessante e até me fez rir com algumas passagens, mas ainda assim não me ganhou. Sabe quando você abre o freezer, naquele dia em que a temperatura se iguala à do deserto do Saara, e encontra aquele pote de sorvete lindo te esperando e aí, você vai todo alegre e serelepe abrir o pote só para se frustrar ao descobrir que, na verdade, era feijão? Pois então, foi mais ou menos assim que me senti em relação ao livro de Robin Sloan. Queria sorvete de flocos e ganhei feijão congelado. 

O livro traz a história de Clay Jannon, um jovem web-designer desempregado que se vê obrigado a mudar de carreira por conta da recessão econômica que atingiu os EUA em 2008. Ele conseguiu um emprego como funcionário da Livraria 24 horas do Mr. Penumbra, um velhinho estranho e misterioso. Clay fica responsável pelo turno que vai das 22h até às 6h, o que, a princípio, acha incrível já que ninguém deve frequentar livrarias durante este horário. Entre as regras do novo emprego, duas chamam a atenção de Clay: 1) ele deve manter um registro de todas as pessoas que entrarem na loja e esse registro não deve conter apenas o nome do cliente, mas uma descrição física do mesmo, assim como as roupas que estiver vestindo; 2) não deve, sob hipótese alguma, mexer nos livros que ficam no alto de uma estante.

Logo na primeira noite de trabalho, Clay percebeu que, ao contrário do que pensava, a livraria tinha clientes durante o horário de seu turno. Clientes que fugiam do normal, pois todos tinham uma aparência estranha - alguns meio paranoicos - e sempre pegavam livros da seção que Penumbra o proibira de mexer, a qual Clay passou a de chamar de "registro pré-histórico", pois eram livros muito, muito, muito, muito antigos. A loja, além de funcionar como um livraria e um sebo, parece ter uma função parecida com a de uma biblioteca, pois esses clientes alugavam os livros do registro pré-histórico e, depois de alguns dias, os devolviam e pediam outros.

Mesmo sabendo que não estava autorizado a mexer naqueles livros, Clay resolveu desobedecer a regra...E eu vou parar por aqui, porque não quero estragar a narrativa para aqueles que se interessaram pelo livro. O que posso dizer é que Clay se interessa pelo que encontrou nos livros e embarca em uma "investigação" a respeito da livraria, do Mr. Penumbra e de seus clientes. E ele não faz isso sozinho, pois vai contar com a ajuda de um amigo bilionário e uma menina hacker que trabalha para o Google.

Agora, vamos aos motivos que me fizeram não gostar tanto de A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra quanto eu queria ter gostado. O primeiro deles é o rumo em que a história começa a caminhar; esperava que fosse seguir uma linha, mas me enganei e a coisa é completamente diferente do que eu imaginei que seria. Estava esperando algo meio Agatha Christie e se você pensou o mesmo, pode ser que se frustre também. Na verdade, o que encontrei foi algo entre o RPG - assunto sobre o qual não entendo e não posso falar - e algo que realmente não sei definir. Outra coisa que me incomodou foi a superficialidade dos personagens. Eu gosto de personagens bem construídos, daqueles que a gente conhece a história e se sente próximo, sabe? No entanto, a história de Robin Sloan não precisa de personagens muito aprofundados e, se parar para pensar, até que a superficialidade deles foi boa para o andamento da narrativa. Mas ainda assim, não gostei.

Ainda assim, o livro trouxe algumas questões convidativas à reflexão, como, por exemplo, o conflito entre o conhecimento antigo (armazenado em livros) e o conhecimento novo (internet) e a forma como hoje mudamos a nossa forma de buscar informações - o bom e velho "ah, joga no Google" -, assim como as obtemos de forma bastante superficial. Outra questão que me atraiu foi a discussão a respeito de uma possível substituição dos livros físicos pelos e-books; achei isso incrível, já que estava lendo no Kobo.

Em linhas gerais, para mim, A Livraria 24 do Mr. Penumbra foi um bom entretenimento e nada além disso. Gostaria de ter amado este livro como muita gente amou, mas não foi o que aconteceu. Não rolou química entre o livro e esta que vos escreve. No entanto, ainda recomendo a leitura para aqueles que se interessaram pela história; pode ser que outros achem interessante justamente aquilo que não me agradou.✦

4 de junho de 2013

A Pirâmide Vermelha (Rick Riordan) | As Crônicas dos Kane, livro #1

A Pirâmide Vermelha é o primeiro livro da trilogia As crônicas dos Kane, de Rick Riordan ( mesmo autor de Percy Jackson e os Olimpianos). Assim como acontece nas outras séries do autor, aqui também vamos lidar com mitologia; dessa vez, a egípcia. 

Carter e Sadie Kane - com 14 e 12 anos, respectivamente - são irmãos que foram criados separadamente após a morte misteriosa de sua mãe. Enquanto Sadie foi para Londres morar com os avós maternos e levar uma vida mais próxima do que pode ser considerado normal, Carter ficou com seu pai, Julius, um egiptólogo - que é tipo um arqueólogo especializado em Egito -, vivendo em Los Angeles. Por conta de sua profissão, Julius estava sempre viajando e, consequentemente, arrastando o filho para toda sorte de sítios arqueológicos.

De acordo com a decisão tomada no tribunal, Julius só poderia ver a filha duas vezes AO ANO - gente, o que é isso? - e é justamente em uma dessas visitas que a narrativa de A Pirâmide Vermelha começa. É véspera de natal e Julius e Carter vão buscar Sadie na casa dos avós para passarem um adorável momento familiar - só que não, porque Carter e Sadie são praticamente estranhos um para o outro e a garota não é muito próxima do pai - e Julius decide levá-los ao...Museu Britânico, para ver a seção de artefatos egípcios. Numa das raras ocasiões que tem para estar na companhia dos dois filhos. No Natal. É. (Legal esse Julius ¬¬').

Ao chegar ao museu, Julius se dirige à sala em que se encontra a Pedra da Roseta, um artefato egípcio muito importante para a compreensão dos hieróglifos. Ele pede aos filhos que esperem no corredor e que não entrem na sala. Mas é claro que Carter e Sadie desobedecem e acabam encontrando pai realizando um ritual que acaba por libertar cinco deuses do Antigo Egito: Osíris, Horus, Isís, Néftis e Set. Quando isso acontece, Julius encontra tempo apenas para gritar aos filhos que fujam, antes de ser aprisionado por Set, o deus do caos, em circunstâncias que prefiro não revelar.

A partir de então, a vida de Carter e Sadie Kane vai mudar completamente e nós, leitores, somos convidados a acompanhar as suas aventuras/desventuras, aprendendo sobre a cultura e os mitos egípcios, enquanto os irmãos lutam contra o tempo para derrotar Set libertar seu pai.

No que diz respeito à narrativa, ela é contada em primeira pessoa pelos irmãos Kane, de forma alternada: dois capítulos do Carter e dois capítulos da Sadie, se revezando. Achei isso bem interessante, mas, em alguns momentos, encontrei dificuldade para saber quem era o narrador. Mesmo Carter e Sadie tendo personalidades bem diferentes, nas narrativas isso não fica muito claro. Mas nem por isso a narrativa deixa de fluir bem.

Recomendo a leitura para aqueles que, como eu, adoram uma aventura infantojuvenil cheia de ação, mistérios, magia e reviravoltas. Certamente irei ler as sequências.✦

15 de maio de 2013

Quem é você, Alasca? (John Green)

Quem é você, Alasca? é o primeiro de John Green, publicado em 2005, e nos traz a história de Miles, um adolescente introspectivo e sem muitos amigos - um wallflower. Ele gosta muito de ler biografias e memorizar as últimas palavras de pessoas importantes. A sua preferida é uma frase dita pelo padre e escritor do Renascimento François Rabelais: "Vou em busca do Grande Talvez". Intrigado, Miles decide ir para um colégio interno longe de casa, à procura de seu Grande Talvez.

No colégio, o protagonista logo faz amizade com seu roomate, Chip - que prefere ser chamado de Coronel -, e por meio dele, conhece Alasca, por quem se apaixona quase a primeira vista. Alasca é aquilo que poderíamos chamar de uma pessoa "de lua"; em alguns momentos é extremamente divertida, extrovertida e comunicativa; em outros, se torna completamente autodestrutiva, introspectiva e se afasta de tudo e de todos. Sempre à procura do significado do Labirinto mencionado por Simón Bolívar antes de morrer, Alasca é um mistério para Miles. Um mistério que ele tenta decifrar durante o livro.

Vale mencionar que a narrativa não foca somente na relação (?) entre Miles e Alasca. O leitor também é convidado a conhecer o cotidiano do colégio. Por meio das aulas com Mr. Hyde, Miles e o leitor passam a levantar questões a respeito de fé e religião - meio no estilo O apanhador no campo de centeio - ; acompanhamos também a vida dos adolescentes fora do colégio, seus conflitos, dúvidas e descobertas.

Quem é você, Alasca? é voltado para um público mais adolescente. Mas isso não quer dizer que não tenha uma certa profundidade. Muito pelo contrário, ao lê-lo muitas vezes me peguei recordando os tempos em que o único que me entendia era Holden Caulfield - do já mencionado O apanhador no campo de centeio - e concluí que assim como As vantagens de ser invisível, esse era mais um livro que gostaria de ter lido quando era mais nova.

Recomendo a leitura de Quem é você, Alasca? para aqueles que gostaram dos livros que falei acima e para aqueles que gostam de histórias de adolescentes com mais profundidade, no estilo The O.C., por exemplo. Acho interessante mencionar que, mesmo que tenha sido escrito por John Green e que os personagens principais sejam adolescentes, Quem é você, Alasca? é bem diferente de A culpa é das estrelas. Claro que a escrita divertida e sarcástica do autor se faz presente em ambas as narrativas, mas, a meu ver, acho bem mais fácil se identificar com os personagens da estreia de John Green.✦

8 de maio de 2013

O Diário de Anne Frank (Anne Frank)

Minha história com O Diário de Anne Frank data desde os tempos do colégio, quando uma mini Michas assistia à aulas de História e, por alguma razão completamente desconhecida, resolveu colocar na cabeça que o diário acima mencionado tratava, na verdade, de relatos horrendos e assustadores do que acontecia em campos de concentração. Por essa concepção errônea, acabei me privando de ler um dos mais influentes livros do século XX.

Caso alguém não saiba, Anne Frank foi uma menina judia alemã que vivia em Amsterdã, na Holanda, junto com seus pais e sua irmã mais velha, Margot. O motivo de ter abandonado a sua terra natal se deu porque, em 1933, o nazismo já estava ascendendo na Alemanha e a família Frank teve que se mudar para a Holanda, onde viveram bem e em segurança até 1942, quando foram obrigados a abandonar a vida que conheciam para viver em um esconderijo atrás de um armazém que, mais tarde passou a ser chamado de Anexo Secreto. O motivo para a brusca mudança se deve à ocupação nazista na Holanda. Além dos quatro integrantes da família Frank, ainda estavam abrigados lá a família Van Dan - pai, mãe e o filho, Peter - e o dentista Albert Dussel (os nomes dos integrantes do Anexo Secreto foram mudados no diário, com exceção da família Frank).

Durante dois anos, essas oito pessoas viveram ali, em situações precárias e, por precárias eu quero dizer, REALMENTE precárias, em que não podiam usar o banheiro durante o dia, o que os obrigava a fazer suas necessidades biológicas em vasos e/ou baldes, que ficariam no local até que alguém pudesse sair para se livrar de tudo; passavam meses comendo apenas batatas e/ou couves, muitas vezes já estragadas; entre outras que prefiro não contar para não estragar a leitura de quem ainda não conheceu o diário. No período de dois anos, Anne Frank relatou em seu diário a situação que estava vivendo no Anexo Secreto, acrescentando informações sobre o que estava acontecendo no mundo, de acordo com o que escutava no rádio.

Além dos relatos da guerra e do cotidiano do Anexo Secreto, o leitor também tem acesso aos pensamentos mais íntimos da garota de 13 anos que amadureceu muito rápido durante um período de dois anos. Em meio a comentários sobre a sua sexualidade, a descoberta do amor e as confissões e desabafos a respeito do que pensava de sua família - especialmente de sua mãe, com quem, claramente, tinha muitos problemas -, fica claro que Anne tinha uma personalidade muito forte e era incompreendida por aqueles que a rodeavam. 

No início de 1944, o primeiro ministro holandês, que estava exilado na Inglaterra, fez um pronunciamento no rádio pedindo a todos os holandeses que mantivessem uma documentação - cartas e diários - do que estava acontecendo no país durante aquele período para que, depois da guerra, pudessem ser recolhidos como material histórico. Ao saber disso, Anne resolveu organizar as anotações em seu diário, acrescentando informações de valor histórico, com a intenção de publicar um livro quando a guerra chegasse ao fim.

Todos sabem o desfecho dessa história: Anne Frank não sobreviveu para ver a sua história publicada, porque em 1944, soldados nazistas encontraram o Anexo Secreto e prenderam as oito pessoas que ali viviam. Posteriormente, Anne e Margot foram separadas dos pais e enviadas para outro campo de concentração, onde acabaram morrendo de tifo em 1945. O Diário de Anne Frank sobreviveu graças à Miep Gies, a esposa de um dos donos do armazém que escondia o Anexo Secreto; ela encontrou o diário de Anne e o escondeu até o final da guerra, quando, só após saber da confirmação da morte de Anne, o entregou a seu pai, Otto Frank, que publicou o diário da filha em 1947. 

Como pude constatar ao fim de minha leitura, O Diário de Anne Frank não é o relato das atrocidades que aconteceram nos campos de concentração. Mas isso não o torna menos triste e, de certa forma, perturbador. Anne era uma menina de 13 anos como muitas outras, cheia de sonhos que jamais se realizaram. Hoje, além de me arrepender profundamente por ter demorado tanto para ler o relato de Anne Frank, compreendo o motivo de o livro ainda vender tanto. As futuras gerações precisam ter consciência do que foi o período em que este livro foi escrito - marcado pela violência das guerras, pela intolerância, pelo nazismo -, para que jamais deixem a humanidade chegar a tal ponto. Precisam entender que hoje sabemos quem é Anne Frank, mas que nas valas comuns dos campos de concentração, muitas e muitos outros Annes Franks foram enterrados, suas vidas findadas e suas histórias jamais conhecidas.

Finalizo este texto recomendando a leitura de O Diário de Anne Frank à todos. Mesmo que não seja o tipo de leitura que vocês gostam, acho que vale a pena sim sair da zona de conforto, porque este diário merece atenção. É o tipo de leitura que incomoda, mas que faz bem.

24 de abril de 2013

O Palácio de Inverno (John Boyne)

 Em O Palácio de Inverno, John Boyne nos apresenta a Gueórgui Jachmenev, um senhor russo com seus 80 e poucos anos, que vive em Londres e que, em 1981, está prestes a perder Zoia, o amor de sua vida, que se encontra internada em fase terminal de um câncer. Sabendo da situação de sua esposa, Gueórgui começa a lembrar e narrar alguns acontecimentos da vida que tiveram juntos.

Paralelamente à essa narrativa, um Gueórgui mais jovem, no auge de sua adolescência, nos conta como deixou de ser um mero camponês, filho de lavrador que vivia em uma pequena aldeia no interior russo, para se transformar no mais novo membro da Guarda Imperial do czar Nicolau II, com uma missão especial: ser o guarda-costas do pequeno Alexei, herdeiro do trono russo. Através dos olhos de Gueórgui, podemos conhecer um pouco do que era a vida no Palácio de Inverno, a residência do czar e de sua família, em São Petersburgo. 

No que diz respeito à narrativa, a forma como John Boyne a construiu é muito criativa: ambas se intercalam; a narrativa de Gueórgui velho segue uma ordem decrescente, enquanto a narrativa do jovem Gueórgui ocorre de forma crescente. O clímax acontece quando ambas as narrativas se encontram. Outro ponto interessante e que merece ser ressaltado é que, enquanto acompanhamos as narrativas de vida de Gueórgui, podemos notar que acontecimentos marcantes do século XX - como a Revolução Russa, a Segunda Guerra Mundial e a morte de Stalin - servem como pano de fundo.

Particularmente, sempre me interessei por esse lado da história russa, que envolve a dinastia Romanov e este livro de John Boyne foi a escolha perfeita. Misturando ficção com realidade, o resultado obtido pelo autor é em um romance histórico emocionante, cheio de segredos e um desfecho excelente. O que mais gostei foi poder "conhecer" um pouco mais alguns personagens que marcaram a história russa e mundial, como a grã-duquesa Anastasia e o padre Grigori Rasputin.

Falando em linhas gerais, recomendo muito a leitura de O Palácio de Inverno para aqueles que estão à procura de um livro envolvente ou que gostam de romances históricos.✦

15 de abril de 2013

A Hospedeira (Stephenie Meyer)

Não tinha a mínima intenção de fazer um post a respeito de A Hospedeira, de Stephenie Meyer, autora que havia me prometido jamais voltar a ler. Porém, passada a luta para terminar o livro, percebi que não o achei desagradável e até me identifiquei um pouco com alguns personagens. E, como a autora realmente me surpreendeu, resolvi que seria justo dedicar um espaço aqui para falar um pouco sobre esta leitura. Aproveitarei também para dar o meu breve parecer a respeito do filme, tudo bem?

Ambientado no futuro, A Hospedeira apresenta um mundo em que a humanidade foi quase extinguida após a invasão do planeta por uma espécie parasita de aliens, que captura homens e mulheres e "possui" seus corpos para que, assim, possam existir. Melanie Stryder, parte da resistência humana, vive isolada no deserto junto com seu irmão caçula, Jamie, e Jared, seu namorado. Após descobrir que sua prima ainda resistia à invasão em outra cidade, Melanie decide viajar para encontrá-la. Porém, no caminho é interceptada por Buscadores (Seekers) - aliens responsáveis pela captura de humanos - e acaba se transformando em mais uma vitima da invasão. Ao contrário de muitos humanos, Melanie luta contra a presença de Peregrina (Wanderer) - a parasita que ocupa o seu corpo e que já viveu várias encarnações diferentes em outros planetas - e em diversas situações, acaba por interferir em suas ações. 

A história é narrada por Peregrina que, de tanto escutar os pensamentos de Melanie, acaba confundindo os seus sentimentos com os dela e, consequentemente, se preocupando com Jamie e Jared. Dessa forma, Peregrina decide que fará o possível para protegê-los e esconder o paradeiro de ambos da Buscadora que capturou Melanie. Movida por sentimentos que desconhece e pela motivação de Melanie para reencontrar sua família, Peregrina abandona a vida que levava na civilização e parte para o deserto, onde sabe que deverá encontrar não apenas Jamie e Jared, mas um abrigo de sobreviventes.

Com exceção do prólogo e dos dois primeiros capítulos, achei o início de A Hospedeira bastante enfadonho e enrolado. Essa sensação me acompanharia ao longo de diversas partes do livro. Com isso não quero dizer que o livro seja ruim, muito pelo contrário, é um bom livro de uma autora bem ruim. Stephenie Meyer não se qualifica naquilo que posso considerar uma boa autora, me desculpem.

Eu deveria ter pesquisado um pouco sobre o livro e a forma como fora estruturado, poupando-me assim de uma série de aborrecimentos e atrasos literários. Estava conversando com uma amiga a respeito do livro e acabamos chegando à uma conclusão: o livro é bom, a história é interessante, os personagens são cativantes, a narrativa, no entanto, não flui em determinados pontos. E isso acontece porque, a meu ver, é como se Stephenie Meyer quisesse me lembrar constantemente que o livro fora escrito por ela. De acordo com a orelha da minha edição, A Hospedeira é o primeiro livro da autora voltado para o público adulto, porém, não é o que parece. Assim como na saga dos vampiros, nós leitores, fomos obrigados a conviver com os mimimis adolescentes de Bella Swan e sua eterna dúvida entre Edward e Jacob, em A Hospedeira, acompanhamos uma alienígena presa num corpo humano, forçada a lidar com sentimentos conflitantes e, como já era de se esperar, um triângulo amoroso. Porque sempre tem um triângulo amoroso no meio desses livros e isso, normalmente, é o motivo que me leva a não gostar tanto deles.

É como se uma narrativa interessante e - por que não? - eletrizante fosse constantemente interrompida para ceder espaço aos conflitos amorosos. Não que estes conflitos não sejam bons para o desenvolvimento dos personagens, mas ainda assim, o excesso deles em determinadas partes é incômodo e completamente desnecessário. Faz com que uma história legal e interessante que poderia facilmente ser escrita em 400 e poucas páginas termine em 619. Vejam bem, mais de cem páginas de puros mimimis e blablablas. Tem gente que gosta, mas este não é o meu caso. 

Mesmo com as minhas reclamações, ainda acho que A Hospedeira é um bom livro. Vale à pena ler? Sim, desde que você tenha em mente que, mesmo os protagonistas não sendo adolescentes, o livro é sim voltado para um público jovem adulto; dessa forma, você vai sim encontrar diversos aspectos comuns em livros para este tipo de público, o que pode ser positivo para uns e negativo para outros. Depende muito do seu gosto literário. Quanto ao filme, achei que foi uma boa adaptação - gente, não deve ser fácil adaptar 619 páginas em um único filme - , mas como é de se esperar de filmes baseados em livros, muita coisa ficou de fora. Nada de importante, que vá interferir na compreensão da história. Em linhas gerais: recomendo, mas se você tiver outras leituras em mente, dê prioridade à elas.✦

4 de abril de 2013

A última carta de amor (Jojo Moyes)

A última carta de amor, de Jojo Moyes, traz duas histórias que se desenrolam ao longo de quase quarenta anos. Ellie é uma jornalista de vinte e poucos anos que enfrenta uma situação complicada: está em um relacionamento com um homem casado. Apesar de todos os seus amigos lhe dizerem que tudo não passa de um passatempo, Ellie acredita que seu amante irá abandonar a sua esposa para ficar com ela. A relação consome e ocupa tanto espaço em sua vida que a jovem passa a negligenciar seu lado profissional, não comparecendo à reuniões de pauta e deixando de sugerir matérias. Ao se dar conta disso, Ellie decide impressionar a sua chefe e se provar capaz de ocupar o seu espaço no jornal.

Para desenvolver uma reportagem sobre as diferenças entre os anos 1950 e a atualidade, Ellie vai até o arquivo do jornal em que trabalha à procura de reportagens que evidenciassem o comportamento da sociedade no passado e acaba encontrando uma carta. Na verdade, uma carta escrita por um homem à sua amada, pedindo-lhe que, se ainda o amasse, que o fosse encontrar no local e na hora indicados por escrito. Curiosa a respeito do paradeiro daquelas pessoas e sobre o destino que tiveram, Ellie resolve investigar o assunto e transformá-lo em uma reportagem. Com a ajuda de Rory, um rapaz que trabalha no arquivo, a jornalista começa a juntar as peças de uma conturbada história de amor.

Paralelamente, o leitor acompanha também a história de Jennifer, uma mulher que, após sofrer um acidente de carro, acorda em um hospital sem nenhuma memória recente a respeito de sua vida. Aos poucos e com a ajuda de familiares e amigos, Jennifer começa a descobrir quem é: casada com um homem muito rico, é bastante influente na alta sociedade da qual faz parte e é conhecida por sua beleza e por suas festas. Desconfiada das pessoas ao seu redor, suas lembranças começam a ficar ainda mais confusas quando encontra uma carta de amor escondida em seu armário; uma carta que não fora escrita por seu marido.

O livro é dividido em três partes, que são narradas de diferentes pontos de vista (ao todo são quatro) e de forma não-linear; estes dois aspectos contribuem bastante para aguçar a curiosidade do leitor e, ao mesmo tempo, mantê-lo preso à leitura.

Serei sincera, até o fim da primeira parte não me senti muito atraída pelo enredo. Atribuo este fato à narrativa de Jojo Moyes que é muito cinematográfica (cheia de expressões que indicam que as ocorrem no presente; exemplos: "ela chega", "ela entra e abre o envelope") e que, às vezes, parece estar implorando para que a história seja adaptada para a telona.

Outro problema que encontrei em algumas partes da narrativa foi o excesso de descrição desnecessária, como, por exemplo, um parágrafo para explicar o ato de colocar chá em uma xícara. Isso não acontece com frequência, mas durante as poucas partes em que ocorreu, fiquei bastante incomodada. Passada esta primeira impressão, as coisas começaram a melhorar e, de repente, não conseguia abandonar a leitura. O que mais me chamou atenção foi o elenco de personagens bem desenvolvidos e bastante críveis. Adorei cada um deles, até aqueles que poderiam ser chamados de "os vilões da história".

De uma forma geral, é uma história muito bonita e bastante envolvente, do tipo que faz o leitor torcer pela felicidade de alguns personagens e ficar feliz com as desventuras nas vidas de outros. É uma leitura que recomendo principalmente àqueles que gostam de uma boa história de amor cheia de suspiros.✦

14 de janeiro de 2013

Jane Eyre (Charlotte Brontë)

 Publicado por Charlotte Brontë (na época, sob o pseudônimo de Currer Bell) em 1847, Jane Eyre é narrado em primeira pessoa pela personagem que dá título ao livro. Ao que tudo indica, após os acontecimentos narrados, a protagonista decidiu contar a sua história desde os tempos de infância. Ambientado na Inglaterra do século XIX, o livro tem início quando a pequena Jane, após perder os pais, se encontra sob os cuidados da Sra. Reed - esposa do tio de Jane que, antes de o marido morrer, jurou que cuidaria da menina como se fosse um de seus próprios filhos.

A Sra. Reed não deixou faltar nada à menina, porém, fica claro para o leitor que a mulher não gosta da criança, pois a trata sempre com crueldade e a julga como uma menina má. Os primos de Jane - John, Georgiana e Mary - não são muito diferentes; além de serem crianças insuportáveis e mimadas, sempre acham algum motivo para implicar com a menina, que, não importa o que aconteça, será sempre considerada a culpada por todas as brigas.Cansada de ter que lidar com Jane e sua natureza "selvagem", a Sra. Reed resolve mandá-la para um colégio interno, onde deverá aprender a se transformar em uma dama. 

O livro é dividido em três fases e, após contar como foram os seus primeiros anos no colégio interno, a narradora faz um salto de oito anos. Neste ponto, Jane já tem 18 anos e decide se tornar uma preceptora. É assim que ela vai parar em Thronfield Hill, uma mansão enorme e lar de Adele, sua aluna. A propriedade pertence ao Sr. Rochester (que toma conta de Adele, apesar de não ter relação nenhuma com a menina), um homem bastante sério, muito rico e bem relacionado que evita ficar em sua casa por muito tempo. Apesar de seu status e idade (algo entre 35 e 40 anos), Rochester é ainda um homem solteiro, o que leva a uma série de comentários da parte dos criados da casa.

Com o tempo, Jane começa a perceber que há algo de muito estranho acontecendo em Thornfield Hill. Uma das criadas lhe instiga a curiosidade, por se tratar de uma mulher misteriosa, que não socializa muito com os outros funcionários e passa a maior parte do tempo em uma área isolada da casa, onde ninguém sabe o que acontece.

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Jane Eyre é um livro bem escrito e, por ser um clássico, acho que é sim uma leitura muito válida. Principalmente se você gosta de livros do período Vitoriano. É uma história que envolve romance, drama e até um pouco de mistério. Em alguns momentos, comecei a me perguntar se Charlotte Brontë havia adicionado alguns elementos sobrenaturais em sua história, o que acaba mostrando um pouco da influência da literatura gótica em seu trabalho. O livro também trata de alguns temas que não eram muito comentados na literatura da época, como a loucura e a bigamia.

Não é o meu clássico preferido, mas ainda assim, foi uma leitura envolvente. Descobri o final antes, mas acho que isso aconteceu porque há muita influência dos clássicos no filmes e livros que lemos hoje. Imagino que na época, o final deve ter sido bem chocante. Precisarei fazer uma releitura para ter certeza se esta é a minha opinião final sobre ele.