29 de agosto de 2012

Água para elefantes (Sara Gruen) + filme

O post de hoje é sobre Água para elefantes - tanto o livro da canadense Sara Gruen, quanto o filme dirigido por Francis Lawrence. Como acontece com toda adaptação para o cinema, algumas alterações no decorrer dos fatos pode ser percebida no roteiro e com Água para elefantes não poderia ser diferente. De maneira geral, a história principal é a mesma em ambos os casos. A narrativa tem início com Jacob Jankowski, um senhor de 90 e poucos anos, que resolve contar a história de como se envolveu com o mundo do circo. A partir de então, leitor e espectador são transportados para os Estados Unidos dos anos 1930.

Jacob Jankowski era um estudante de veterinária prestes a conseguir o seu diploma quando recebe a notícia de que seus pais foram mortos em um acidente de carro. Como se não bastasse a morte dos pais, Jacob tem que encarar a realidade de que a hipoteca da casa da família está vencida e que, em questão de dias, se transformará em um homem sem teto e sem dinheiro. Em um momento de desespero, o rapaz resolve fugir de sua vida, correndo pela estrada até se jogar dentro de um trem em movimento.

Sem perceber, naquele momento Jacob estaria mudando os rumos de sua vida para sempre. O trem em que havia pulado não era um trem qualquer, mas o trem do circo dos Irmãos Benzini, "o maior espetáculo da Terra". A princípio, Jacob se encontra ameaçado naquele ambiente um tanto hostil. Mas as coisas mudam quando conhece August, que ao saber de sua quase-formação em veterinária, lhe oferece um emprego como veterinário do circo. Jacob conhece também Marlena, estrela principal do espetáculo e esposa de August, e se apaixona por ela instantaneamente. 

Ele e Marlena tem em comum o amor pelos animais e essa união se torna ainda mais forte com a chegada de Rosie, uma elefanta teimosa e desobediente. Aos poucos, Jacob começa a perceber que, ao contrário do que parece aos olhos das grandes plateias, o circo dos Irmãos Benzini está longe de ser "o maior espetáculo da Terra". Ali artistas e trabalhadores não se misturam, os salários não são pagos de forma justa e August era um homem com constantes alterações de humor.


As mudanças percebidas na adaptação do livro para o cinema são bastante sutis, provavelmente para se encaixarem melhor nas quase duas horas de filme. A primeira alteração que percebi foi a ausência de Tio Al, que no livro é o dono do circo dos Irmãos Benzini; no filme, August - antes apenas responsável pelos animais - se transforma no dono do circo. As origens de Marlena também mudam na adaptação, assim como não fica muito clara qual é a situação mental e psicológica de August - no livro é tudo bem explicadinho.

A forma como a narrativa é construída também muda. No livro, Jacob vive em uma casa de repouso e as lembranças de seus anos dourados surgem como flashbacks. Já no filme, não fica claro onde Jacob vive, apenas se sabe que ele chegou tarde para assistir ao espetáculo de circo da cidade e, por isso, começa a conversar com o dono do circo, a quem conta as suas histórias - em nenhum momento interrompidas, como acontece em Titanic, por exemplo. Além dessas mudanças mais perceptíveis, tem aquelas praticamente não notadas, como o fato de Jacob ser ruivo, e Robert Pattinson não, e Marlena ser morena, bem ao contrário da legalmente loira Reese Witherspoon.

Já a escolha do elenco, se me permitem dizer, foi triste. Sim, triste. Não há nada que defina melhor a completa falta de química entre Pattinson e Witherspoon. E até Christoph Waltz - que dá vida a August e que, sem sombra de dúvidas, é o melhor ator do elenco -, não está lá grandes coisas, como se fosse um eco de seu personagem em Bastardos Inglórios. Ah, vale lembrar que Rosie é praticamente largada em segundo plano no filme - que, diga-se de passagem, se chama Água para elefantes. A fotografia é um dos pontos positivos e merece grande destaque, porque é realmente muito bonita. Muito mesmo. Principalmente nas cenas dos espetáculos.

Para resumir, direi apenas que recomendo a leitura do livro Água para Elefantes, pois é bastante envolvente, apesar de não ter a melhor história do mundo. Quanto ao filme, se você leu o livro, assista apenas por curiosidade e sem muitas expectativas. Se você só assistiu ao filme, não leia o livro, porque irá se decepcionar ou com um, ou com o outro. Eu, particularmente, fico com o livro.✦